E o mistério? Ainda transfiguramos o mistério no rastro inacessível da verdade, ainda trocamos o crepúsculo por outra linha fugaz no horizonte ígneo? A sombra fugitiva que habita o nosso corpo, a alma, a insegura alma de existirmos? Nascem e morrem, as cidades, sucedem-se os dias, as estações, os anos, esfuma-se o tempo, foge entre os dedos a vida que nos religa à fuga uma outra vez ainda, a solidão ameaça, procura-nos a morte com o medo de querermos instintivamente resistir, a verdade efémera, o amor. Outro cigarro? Outro mistério, ainda, na auréola de fumo sobre as cabeças - e o mistério, a que devastação conclama? O destino das coisas, o mundo de instantes à deriva? Amadeu Baptista