Espero o alvorecer
Espero o alvorecer que me há-de devolver todas as aves que perdi.
A meu lado descansa a penumbra que alonga os seus braços ao copo vazio, sobre a velha secretária do avô.
Estou sentada e penso na época das certezas mais antigas, das crenças que traçava em todos os gestos que inventava.
Estou parada neste tempo, o tempo da minha casa, do meu corpo, ajustado ao espaço, às paredes nuas, ao silêncio dos gatos adormecidos.
Estou sentada e olho a minha própria presença, perdida nesta ausência sossegada.
Bibi Pereira
Publicado em 6 de Fevereiro de 2011