Criei, não possuí. Instante de infinitude, o que moldei na voz respira. A firme casa do meu corpo se fez pelo contraste, que só o contrário cria. Não possuí, denso ou raro, pequeno até ao nada, nenhum símbolo, nenhum olhar de brasa, nenhum odor colado à pele. Pretendi a verdade, mas tudo se muda pelos meus olhos e a fosca luz do que foi viver só no amor se moveu. Morto o amor, transforma-se a água. Onde a noite não há e o dia não é, esqueço as mudanças do tempo e com meus ardis me defendo do terror de mim. Orlando Neves