Se eu tivesse à mão um poder divino mesmo que nele não acreditasse estendia hoje oferendas desfazia-me em terços prometia ser sempre bom mais ainda que tentá-lo E se necessário fosse, na missa, deslumbrava beatas ou fazia por isso em busca de um resultado. Se tudo isso ajudasse pois tudo isso eu faria, e seria completo, e completamente recompensado, do esforço de rezá-lo. E amanhã se veria. E se eu acreditasse no poder mágico de um gesto se soubesse, num encontro de festa, erguer o meu corpo ao alto- mantendo pose e encanto apenas para quem quisesse; Se tivesse o dom de contornar fome sede e cansaço por uns quilómetros mais de companhia mordendo o ambiente e celebrando o sorriso de qualquer pobre ou burguês de qualquer idade tudo isso eu faria, se pudesse. Sem queixa ou visível dificuldade, completo e refeito, mesmo se a quatro patas do esforço de tentá-lo. E a manhã continuaria. Isso é que era bom, não precisava de me encomendar a um estranho que me povoasse o caminho com os teus olhos de mel nos sábados de esplanada, encontros e metropolitano E a concluir: Se eu acreditasse na força inteira das palavras, gritava-as bem cedo no mais cedo da manhã. Mas se necessário fosse para um melhor resultado sei bem que hoje seria o mais chato dos vizinhos. Amanhã se veria, que a manhã continuaria. Uma manhã de Abril. Rui A.