Este Agosto
Mas porque, por amor dos bosques, não se calam?
Idiossincrasias, pela certa, que o direito
Ao silêncio é feito de pequenos nadas, e
Cada vez que um melro vem à cidade
Há sempre homens e mulheres que não reparam
Embora ao melro pouco importe, e ao seu passo elegante
Lá, onde inventa bicos isentos de avenidas fartas
Há palavras das mais espertas nos bicos de um melro
Onde, ou melhor dizendo, nas quais,
Joaquins e Marias se embraçam sem saber porquê
Este mais um mistério da vida, que
Tantas vezes fazemos bem o que não queremos
por não saber porque o fazemos e, como se não chegasse
O filosófico silêncio do melro na cidade buzinada
Cuase ou quase, como queiram os mais previstos engenheiros
Alivia as tardes muito religiosas, feitas de
Sangue murcho, quanto baste ao trono dos dias
Todos somos feitos de igualdades, nem que na maior das insatisfações
E há quem diga, ou envide, que seja isto a democracia
Belo belo era que o dia irrompesse por entre as esquinas do melro e
Ainda mais em algumas, senão muitas
Imprevistas alminhas feitas de
X individualidades elevadas ao quadrado, recalcitrantes,
Imoderadas,
Nada desconformes com o nada, mas
Hoje é um lugar qualquer
O lugar ideal para ser lugar, entre três copos de vinho
Rui A.
Publicado em 23 de Agosto de 2012