Pedantes, indignos pederastas geográficos Ordenam queda de lágrimas que, como cascatas, Rolam pelas faces pálidas de outros homens, outrora Ternos, crentes e amantes da pátria (Um outro imposto, só por respirar, ia bem…!). Gulosos, os tais, como lobos esfaimados Arrancam carne e escalpam cérebros Louvando, em choro alegre, o bem que lhes sabe…. (Laus in ore proprio vilescit) (1) Enquanto os outros homens (quem sabe se ainda em latência) Nadam num imenso mar de solidão e desespero, vivendo Tormentos sofridos e angústias desnecessárias (dizem!) Riem os detritos engravatados que, ainda (em demência) Insatisfeitos com o deserto dos outros Saltam sobre dignidades e outros valores Tomando de assalto os direitos merecidos E, fazendo uso de palavras vernáculas, Cobram a vida dos outros. Como poderá tão rigoroso Inverno dos infelizes homens acabar? Dói-lhes a alma… o ventre… o sangue… a força, até O sorriso, mas não, acreditemos, a capacidade de amar. E prosseguem…. (Esse eum omnium horatum) (2) Alegres chefias, passem coimas a quem lamente Doenças por tratar, saberes por terminar, vidas por viver… Impunidade é, pois, a vossa palavra de ouro! A quem nada teme e respeita: Dor, silêncio, grito, abandono, fome de filhos… Oh país adiado, como podes não chorar por isto também? (Ius ars boni et eaqui est) (3) (1) O louvor na própria boca perde valor. (2) Pessoas que se adaptam a qualquer situação. (3) O direito é a arte do bom e do justo. Violante Grilo