esta mão não é a mão nem a pele da tua alegria no fim das ruas encontras sempre outro céu atrás do céu há sempre outro gramado praias diversas nunca terminará é infinita esta riqueza abandonada nunca suponhas que a espuma da aurora se extinguiu depois do rosto há outro rosto atrás das pegadas do teu amante há outras pegadas atrás do canto um novo sussurro se prolonga e as madrugadas escondem alfabetos inauditos ilhas remotas sempre será assim algumas vezes teu sonho acredita ter dito tudo mas outro sonho se levanta e não é o mesmo então voltas as mãos ao coração de todos de qualquer um não és o mesmo não são os mesmos outros sabem a palavra tu a ignoras outros sabem esquecer os fatos desnecessários e levantam o polegar já esqueceram tu voltarás não importa teu fracasso nunca terminará é infinita esta riqueza abandonada e cada gesto cada forma de amor ou de censura entre as últimas risadas a dor e os inícios encontrará o vento acre e as estrelas derrotadas uma máscara de bétula pressagia a visão tens querido ver no fundo do dia o tens logrado algumas vezes o rio chega até os deuses murmúrios longínquos sobem à claridade do sol ameaças esplendor a frio não esperas nada a não ser a rota do sol e da pena nunca terminará é infinita esta riqueza abandonada Edgar Bayley, trad. Renato Rezende