O parque desce sob o meu olhar instável desce para o lago onde florescem latas de cerveja, folhas e a névoa dos namorados. À superficie das coisas o pó aquietado da vida, a poalha dos impropérios da castiça, o fumo do monte branco a coroar, à hora da bica, a ave da juventude que assobia canções combatentes. Muita coisa começou assim, um punhal a esmagar os sonhos, uma pedra a torcer o primeiro amor contra o mundo. Mais tarde, é sempre mais tarde, a morte de amigos cuspiu de mim toda a cidade, as ruelas que iam para o fontelo escureceram também para sempre. O silêncio, como o inferno, começa sempre com os outros. Fernando Luís Sampaio