Spirit ou senso de humor, como preferirem
Há alguns dias decidi lutar
e só de pensar na luta
me causou um cansaço tão infinito
que até meus melhores amigos têm mantido uma distância respeitosa.
Além do mais, como já passei ao lado dos rios mais famosos do mundo
e não me suicidei em nenhum
minha falta de amor pela humanidade está suficientemente demonstrada.
Como sempre, falo dos outros, mas digo eu,
todos podem dormir tranqüilos
pensando que estas estórias malucas só podem ser minhas,
que já sabemos que tipo de pessoa eu sou.
Meus melhores amigos sofrem em diferentes partes do mundo
e eu escrevo cartas cômicas
sentada no meio do deserto sob o sol de janeiro,
enquanto minhas vidas mortas insistem em voltar.
Alguns dos meus melhores amigos não se enganam
e me oferecem tardes calmas, retiram os objetos incômodos,
criam espaço para o meu ruído.
Como sou infinitamente preguiçosa
acho que nunca tentarei lutar,
por isso quase ninguém me cumprimenta,
outros dizem coitadinha,
e meus melhores amigos caçoam impiedosamente dos ingênuos
e não me levam a sério.
Juana Bignozzi, trad. Renato Rezende
Publicado em 24 de Novembro de 2012