no meio dos latidos da noite quando o silêncio atinge a qualidade dos latidos da morte e as folhas caem impressionavelmente sangradas; no meio frio de um colchão inquieto com os olhos pensativos resvalando no teto e as mãos descendo pelo corpo como a buscar sua realidade longínqua quando os morcegos da melancolia atravessam sem bater entre as árvores e alguma coisa enraizada confusa parece brotar de novo entre as pernas; nesse espaço fundamental reduzido onde as idéias se sucedem largadas numa associação intempestiva que é impossível deter ou compreender; no cerco sem limite de um quarto que roda em vários mundos e alterna com a sensação de não haver nada disso que dá contorno e forma à própria insônia — — o homem dá um salto e se puxa para fora do pântano e devora um biscoito e bebe um copo d'água e acende um cigarro e mais outro. Leonardo Fróes