Quantas vezes?
Quantas vezes nos devia aparecer mesmo que em sonhos
Um pasteleiro trotskista como o de Moretti
O das boas angústias, salvo seja
Quantas vezes nos devia aparecer mesmo que em sonhos
Uma manhã florida, de entretecer
Cordéis num bom e não clássico romance
Que ficasse
Quantas vezes mesmo deviam os sonhos singular
Mais do que servem os médios dias plurais
Uma rosa púrpura no bairro
Cheia de boas referências
Quantas vezes mesmo devia o mesmo aparecer
Em tons de pastel
E segundos de aguarela
Trauteando passeios e avenidas
O Tejo é o rio mais bonito e sem dúvida em mais cidades
que Lisboa
Entretanto e a cada qual as suas
Leituras
E equivalências
E da relva sai algum poema que ainda que sem jeito pensava
Impossível
Mas como num bom filme de cinema
Há finais felizes e guias nos dias
Completos e pasteleiros nos dias de pôr
À mesa
E depois quantas vezes os dias
São romance
Não ocupado
Há dias que são autênticas mercearias.
Rui A.
Publicado em 7 de Abril de 2013