Insular
Entre o outono e a neve
construí uma ilha
e deixei correr nos meus olhos
a véspera de um rio
e a linguagem absurda das ideias
com identidade suspeita.
Na vertente do corpo
havia um lugar frágil,
onde o cheiro das maçãs
se transformava em orvalho
e as mãos escorregavam
pelo lado morno da voz,
até à represa de um chamamento azul.
Vim do lado sul
de todos os caminhos
que vão dar à sede.
Conheci a turbulência
de um verão intacto
e desenhei a curva
incontornável da lua cheia.
Graça Pires
Publicado em 11 de Agosto de 2013