Como se de pé, junto a um carro queimado vendo o próprio corpo amassado sobre o volante – Hoje é como um sábado banal de outubro mas pertence a outro calendário. Eu pareço atirado para fora da minha vida tropeçando para dentro da minha vida. Os mesmos áceres e freixos insubstanciais. A mesma neblina com as mesmas promessas. E a relva reivindica o peso de nossas pegadas. Mas nós nunca aqui estivemos antes. Escavando furos para bolbos de tulipa, vês a terra a ser criada sob a pá. Enquanto desligo a água para o inverno e oiço o gotejar de água pela primeira vez. Gralhas de um ano apagado insistem, insistem e persuadem o campo para nova tentativa apenas o brilho recém-arado ainda. Palavras como "cronologia" e "explicação" são ferramentas enferrujadas que coloco no barracão. A razão pode apelar a um tribunal superior. A outra vida com as estradas que nunca percorremos deve ter existido desde sempre a um braço de distância com o mar retumbando junto ao mar – mas não para ele que lhe estendeu a mão. A palavra é graça. O vento vira além do que ainda está latente e os olhos aprendem que o fumo pode picar: a vida que não escolhi escolheu-me subitamente. E eu estou não escrito. Escreve-me. Kjell Espmark