Ao príncipio, é apenas um córrego Em solo feroz, acicatado, Mas também uma ternura no dorso da fera Que, em aparência, se deixa possuir Pela metamorfose da cordura. A lâmina protagoniza uma estação - Ao espelho, tabuleiro cósmico, Persegue todos os vestígios Da anterior. Há uma vegetação em fuga De cardos e cerdas, por entre espumas. Os poros são agora um solo arável, macio, E o rosto emerge como uma civilização. Todas as manhãs, ao fazer a barba, Há este prazer da tirania Na matança dos inocentes, Num massacre de camponeses. Nuno Rocha Morais