Os poemas fazem-se às vezes dos sons e das sobras do que os dias desdenham e deixam para trás. É nessa fermentação imprecisa que sobem à tona algumas palavras, ou sílabas ainda, sons sem-abrigo, interpostas figuras de esquivos sentidos. Os poemas fazem-se às vezes do olhar faminto das raízes que crescem da página à procura de mãos ou de uma morada certa. Ivone Mendes da Silva