Álvaro Maia, que nunca existiu porque fui eu quem o inventou, disse a Antão Mogo de Melo: "Um dia o mar devolve-nos mesmo sem termos embarcado, podes acreditar. Já começou, não vai parar." Isto seria por volta de 1556, na casa do segundo, ao Salvador, e fazia-se tarde. Ângela tocava harpa e passavam na rua duas mulheres que não conheciam palavras que dissessem o som líquido a dedilhar as cordas. E era como se não ouvissem porque o eco das coisas do mundo é com palavras que se faz dentro de cada um. Ivone Mendes da Silva