Palavras não me faltam (quem diria o quê?), faltas-me tu poesia cheia de truques. De modo que te amo em prosa, eis o lugar onde guardarei a vida e a morte. De que outra maneira poderei assim te percorrer até à perdição? Porque te perderei para sempre como o viajante perde o caminho de casa. E, tendo-te perdido, te perderei para sempre. Nunca estive tão longe e tão perto de tudo. Só me faltavas tu para me faltar tudo, as palavras e o silêncio, sobretudo este. Manuel António Pina