Prefiro olhar para a lua do que para as pessoas. As pessoas cansam-me de sobremaneira. As súplicas, os rogos, os risos, os desejos, a ignorância, a curiosidade em saber, dizendo: ‘amo-te’, ou pensando-o, caminhando calçadas ou de pés nus e calejados, correndo de um lado para o outro, as pessoas vestidas de jóias e de música. Prefiro olhar para a lua que é sempre a mesma: indiferente, fiel. A lua não necessita de palavras para dizer: aqui estou e amanhã também estarei. Talvez uma nuvem a encubra, talvez não me vejas por estares dentro de casa, por estares a ouvir as tuas canções patetas ou por teres os olhos nublados de lágrimas, lágrimas motivadas por pensares que estás só, mas não estás só, porque eu estou aqui e ontem também estive, e amanhã também estarei. Tjiske Jansen, trad. Maria Leonor Raven-Gomes