Lugar da sombra
Nunca diria mais luz
embora não me desagradem
estas danças da tarde sobre
os degraus nem as vozes metódicas
vindas de uma linguagem que
me é alheia como o são as flores
na janela ou as alegrias demoradas.
A minha casa é onde
as sombras se juntaram.
Para elas desenhei longas escadas
onde dormem quando esfria
hipérbatos sem-abrigo que
ninguém quer. Por isso, a luz
tanto me faz. É sempre ao crepúsculo
que desce o primeiro verso. Véu ou
asa rasgada, deusa complacente.
Ivone Mendes da Silva
Publicado em 7 de Outubro de 2014