Como um abelhão desajeitado pousa numa flor vergando o frágil caule abre caminho com os cotovelos através duma fileira de pétalas através das folhas de um dicionário quer chegar onde se concentram a fragrância e a doçura e embora esteja constipado e sem gosto continua a tentar até que a cabeça choca contra o pistilo amarelo e não consegue ir mais longe é tão duro forçar a coroa até chegar à raiz por isso levanta voo emerge pavoneando-se zumbindo: eu estive lá e aqueles que não acreditam nisso olhem para o seu nariz amarelo de pólen Zbigniew Herbert, trad. Jorge Sousa Braga