Como um sol de polpa escura para levar à boca, eis as mãos: procuram-te desde o chão, entre os veios do sono e da memória procuram-te: à vertigem do ar abrem as portas: vai entrar o vento ou o violento aroma de uma candeia, e subitamente a ferida recomeça a sangrar: é tempo de colher: a noite iluminou-se bago a bago: vais surgir para beber de um trago como um grito contra o muro. Sou eu, desde a aurora, eu — a terra — que te procuro. Eugénio de Andrade