Quando leio um poema em voz alta sinto que as pessoas me olham como se esperassem uma revelação. Como se estivessem à espera dos milagres. E hoje, finalmente, quase cedo à tentação de explicar os mecanismos dos milagres. Por exemplo: eu posso fazer gelo escrevendo apenas a palavra «gelo». E isso mesmo faria neste momento se não temesse que os mais distraídos usassem o gelo nos copos altos do gin tónico. José Carlos Barros