As portas nunca estão abertas nem fechadas, O caminho rareia entre caminhos, a mesa Posta para uma só sombra. Nem a tua nem a minha. Disponível a tactear a massa sombria Que respiras, o horizonte está limpo e deita Nuvens e vento sobre estas ruas. Um a um sobes degraus e declives, Há sempre uma corda no fim do patamar, Há sempre mais degraus, Há muito que o sobressalto te selou Os lábios, nada dizes, uma torrente escava a desilusão De nunca mais regressares. E das cordas que vais puxando De patamar em patamar como De um poço ascendem as ondas Secas da trovoada, o teu corpo A dizer que não. Fernando Luís Sampaio