estamos encostados a uma roulotte bebemos sangria conversamos enquanto queimamos a noite junto ao mar o vento fresco surpreende-nos com as mãos nervosas em redor dos copos embaciados a ternura dum olhar não chega para iludir a embriaguez dos amores imperfeitos sei que possuis ainda alguma juventude nesse sorriso eu já só embebedo os lábios viciados pelas palavras pouco tenho a dizer-te toco-te no ombro faço promessas e tu ris enquanto descobrimos no silêncio cúmplice do vinho treme uma teia de luminoso sal onde a noite cai sobreviveremos ao desgaste do amor bebemos mais para que haja só desejos e não amor entre nós e o rapaz que tem a mania de espetar uma faca loura no ombro do mar La vie est une gare, je vais bientôt partir, je ne dirai pas où. calei-me sabendo que me conduzirias até casa pelo caminho da praia cambaleantes e enquanto eu não conseguir abrir de novo os olhos não partirás tenho a certeza com a tua jaula cheia de luas mansas apaziguadas Al Berto