Da janela oval do avião levas os olhos à estranha paisagem onde bem poderias passear, tens dificuldade em reconhecer o mais breve caminho que se ofereça, tornado ruga milenária ou vazio antediluviano. Tudo parece tão longínquo e disforme que decides ignorá-lo. Acontece tanto na vida como na poesia: quando estas se elevam ou afastam demais daquilo que te é familiar fazem com que percas o interesse porque preferes vivê-las de baixo, do nível zero, esse onde as coisas são como são: caminhar exige sempre um mínimo de esforço. Àlex Susanna, trad. Egito Gonçalves