Difícil amar
os eventos do corpo, as pequenas traições, as frieiras
quando a magnólia sagra a Primavera
Todo o Inverno resistiu, mais agora
a tua mão abre-se vívida e inteira
como um coelho acabado de esfolar
Parapeito das rebentações, os gestos
aparecem-te ínvios como nomes
num minucioso mapa de guerra
Até ao fim d estação será assim:
a tua mão calcada e com o sangue
a obstinar-se-lhe dentro, a bater
nos nós dos dedos sem que alguém compareça
do lado de cá
Ninguém te desembrulha o estilhaço, a pele sensível
Trazes os bolsos desmaiados de sentidos
Tens os dedos fechados
do frio que não faz
e isso é difícil de amar
Andreia C. Faria
Frieiras
Publicado em 11 de Agosto de 2016