Sei que de há tempos me fui sendo e fazendo
impreparado para o romance, e para uma vida
mais que razoável.

Sei que há tempos em forma de fazer cabelos brancos;
e que são meus, de há muito, os brancos nascentes
(que os há, em mais se tornando).

Sei que há tempos em forma de gelar o sangue,
sei dos tempos das hemorragias paradas.

Certo certo é que, quando te vejo,
tudo se atropela;
nos teus olhos de brio absolutamente extraordinários
(são tão bonitos que deve ser pecado).

Penso que eras tu, na casca da laranja
(a chamar os pássaros).

Eras tu, ou podias ser tu
(e seria preciso ser poeta para saber dizer mais).

Não, não me lembro de ter medo:
quando estavas perto as manhãs eram azuis e amarelas,
e todas as cores entre elas.
E o dia, um diamante.

É de cristal, pois, este chão tão cheio de facas.

Perdoa, por tanto, a circunferência:
nos teus olhos, todas as luas do mundo.

Ou dito de outra forma:
Quem dera pulem grilos das acácias.


Sir Thomas Berard