A luz do meio-dia, transparente,
filtrava pelas paralelas bordas
da janela, e o contorno em fulgor das
frutas (ou da tua pele?) ardia quente.

Saudade é o que o torpor do sono sente
da ilha. Aquele céu (não te recordas?)
de ocaso que no opaco véu põe gordas
camadas cambiantes de poente,

um outro brilho tinha. Onde eu dormia,
numa casinha litorâea e pobre,
no ar a luz das lâmpadas de cobre

traçava lentamente espirais sobre
alva toalha, sombra em que se urdia
o teorema doutra geometria.


Severo Sarduy, trad. Glauco Mattoso