A poesia não desaparece. Ela apenas se torna mais discreta. Por vezes dissimula a sua presença, instala-se em silêncio e ausência. Como uma atmosfera de fundo, ela espreita a realidade. Mistura-se nas pequenas coisas, numa flor, numa planta, num animal, num pequeno momento da manhã, num movimento sereno do mar. A sua aparência, o seu mostrar-se, a sua verdade, vai-se tornando, progressivamente, algo de simples, de quotidiano, de discreto e natural.

Rui Esteves