I.
cheguei às cidades à hora
das bodas quando
ali a alegria imperava
entre os homens
eu dancei com eles
dormi entre os mudos
sem língua a boca cheia
entupida de pontes
a força dos meus braços
foi-se em malas
carreguei o medo
II.
é verdade
mergulhei no mar cheio
perdi nisso os cabelos
carregado pela sorte
quando isso falhou
eu estava de partida
a esperança magra feito folha
na mata (eu falo de árvores
eu falo)
e não encontro o caminho
para as casas de ar
III.
de verdade vivo em tempos
em que os infelizes nem
choram mais nós somente
escrevemos adiante – por todo
lado os dedos em gatilhos quem
pode seguir simpático de que
adianta por que nos tornamos
ao fim do oceano ártico
aonde levavam as ruas
para o meu tempo