I.

cheguei às cidades à hora
das bodas quando
ali a alegria imperava
entre os homens

eu dancei com eles

dormi entre os mudos
sem língua a boca cheia
entupida de pontes

a força dos meus braços
foi-se em malas
carreguei o medo

II.

é verdade
mergulhei no mar cheio
perdi nisso os cabelos

carregado pela sorte
quando isso falhou
eu estava de partida

a esperança magra feito folha
na mata (eu falo de árvores
eu falo)

e não encontro o caminho
para as casas de ar

III.

de verdade vivo em tempos
em que os infelizes nem
choram mais nós somente
escrevemos adiante – por todo
lado os dedos em gatilhos quem
pode seguir simpático de que
adianta por que nos tornamos
ao fim do oceano ártico

            aonde levavam as ruas
para o meu tempo

Max Czollek, trad. Ricardo Domeneck