Hölderlin,
numa carta a tua mãe disseste,
lembras-te?, «o amor tudo alcança». Escreveste isso e
hoje
nega-o, peço-te por favor, Hölderlin,
pois quis com uma palavra deter
a mulher que fugia e não a alcancei.
Por isso me dói ter acreditado
tão absolutamente no que escreveste
e tão seriamente que cheio de esperança
corri atrás do amor como um doido
a babar-se.
Terás mentido?
Seja como for nega-o, Hölderlin,
para que nenhum pobre apaixonado se lance
desgraçadamente para o infinito
e sofra como eu as asas destroçadas.
Jorge Leónidas Escudero