A poesia não nasce.
Está aí, ao alcance
de qualquer boca
para ser dobrada, repetida, citada
total e textualmente.
Ao acordar esta manhã, você
viu coisas, aqui e acolá,
objectos, por exemplo.
Digamos que viu uma lâmpada
sobre a sua mesa-de-cabeceira,
um rádio portátil, uma caneca azul.
Viu cada coisa isolada
e viu o conjunto.
Tudo isso já tinha nome.
Assim o teria escrito.
Precisava de outra linguagem,
de outra mão, de outro par de olhos, de outra flauta?
Nada acrescente. Não deturpe.
Não mude
a música de lugar.
Poesia
é o que se está a ver.