Nas laudas que aí ficam muito me esforcei,
senhores, por dar caça aos adjectivos
que tanto vos molestam.

Mas nem tudo correu bem.
Houve uns quantos que se barricaram
e ergueram cartazes e gritaram com ira
uma palavra de ordem:

– O sal da poesia somos nós!

Achei graça –
dizerem que são eles o sal da poesia,
quando nem sequer o colorau.

Mas, enfim, enterneceu-me
tanto arreganho, tanto apego
às tetas da musa –
e não tive coragem para os expulsar.

Espero que não pesem, senhores, demasiado

na melindrosa balança de vossas senhorias.

A. M. Pires Cabral