Eis-me aqui
com a minha elementar pobreza:
duas pernas, dois braços
e um corpo feito de água no espelho.
Se deslizo entre perfis
ninguém pode encontrar a outra face
de meu rosto no espelho.
Porém se mostro o que sou,
os desejos ficam nus e intactos:
os olhos, a fronte alta, o dedo com o qual designo
o que é meu
e o que amo.
E, por último,
escondida está a boca
acompanhada de dobras inapagáveis
que ninguém, nem mesmo tu,
poderás apagar com beijos.
Mía Gallegos