Não comerei da alface a verde pétala,Nem da cenoura as hóstias desbotadas.Deixarei as pastagens às manadasCajus hei de chupar, mangas-espadas,Talvez pouco elegantes para um poeta,Mas pêras e maçãs, deixo-as ao estetaQue acredita no cromo das saladas.Não nasci ruminante como os bois,Nem como os coelhos, roedor; nasciOmnívoro; dêem-me feijão com arrozE um bife, e um queijo forte, e Parati,E eu morrerei, feliz do coração,De ter vivido sem comer em vão.Vinicius de Moraes
Omnívoro
Publicado em 25 de Outubro de 2024