Não comerei da alface a verde pétala,
Nem da cenoura as hóstias desbotadas.
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas,
Talvez pouco elegantes para um poeta,
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois,
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e Parati,
E eu morrerei, feliz do coração,
De ter vivido sem comer em vão.

Vinicius de Moraes