Ars Poetica (poema oferecido ao Modus Vivendi) Um poema deve ser palpável, silencioso, como um fruto redondo Mudo como os velhos medalhões ao toque dos dedos. Silente como o gasto peitoril de uma janela em que cresceu o musgo Um poema deve ser calado como o voo dos pássaros. Como a lua que sobe, um poema deve ser imóvel no tempo, deixando, memória por memória, o pensamento, como a lua detrás das folhas de inverno; deixando-o como, ramo a ramo, a lua solta as Árvores emaranhadas na noite. Um poema deve ser imóvel no tempo como a lua que sobe. Um poema deve ser igual a: não a verdade. Para toda a história da dor, uma porta franqueada e uma folha de ácer. Para o amor, as gramíneas inclinadas e duas luzes sobre o mar. Um amor deve ser, e não significar. Archibald MacLeish (1892-1982), trad. P.E. Silva Ramos, in Rosa do Mundo, ed. Assírio e Alvim. Partilha A blogosfera tem destas gratas surpresas: pessoas que nos lêem, que se ligam ao que dizemos e ao que deixamos em suspenso. Que agradecem, com sensibilidade generosa, e retribuem, oferecendo outras palavras. Ana Roque --------