Sobre o que conta 2 Por correio electrónico, e em relação aopost Sobre o que conta, pede-me A. L. Chaves que densifique o conceito com uma imagem simples (nada mais fácil, como se compreende...); bom, mas vou fazer uma tentativa, ainda que certamente aquém do esperado: o amor, na essência até etimológica, pode ser visto como(única?) negação da morte; é a vida em estado puro, em constante movimento renovado. É um "concentrado", se quisermos, como uma quantidade enorme de energia acumulada numa massa ínfima.Mesmo a sabedoria,missão de valor evidente, só perdura o máximo enquantolabor de uma alma alimentada, não pelafama, não pela glória, que são exteriores, não pelo acumular efémero dos corpos que só alimentam o momento, o instante em que a mera sedução consumada simula um poder fátuo, resultado virtual sem entrega; só oamor alimenta antes, durante, depois. Sempre. Há uma boa imagem para isto: sabe-se que, se consumirmos açúcar, obtemos uma ilusão de energia, mas o esgotamento é rápido e oesvaímento inevitável; se, em vez disso, ingerirmos nutrientes lentos, comproteínas e vitaminas, alimentamos verdadeira e sustentamente o corpo; digamos, pois, que a alma não é muito diferente. Ana Roque --------