Paixão intacta Se é
Paixão intacta
Se é verdade que um livro que nos agrada de modo profundo é sempre um território de fruição, há certos momentos de vida em que esse tempo de refúgio na solidão e no silêncio pode ser visto como regenerador; "Paixão intacta", de George Steiner (ed. Relógio d'Água), oferece um enorme prazer ao falar do acto da leitura, do tempo, da vida com os livros; envolve, densifica, dá gosto. E ainda oferece poemas como este, de Ben Bellitt:
Escrevo, à maneira póstuma,
na pedra lisa de uma lápide
com a tinta de um canteiro, como tu;
uma data de antólogo e um asterisco,
um sinal de parêntesis no gás
dos construtores de pirâmides,
um obelisco rodopiando com Vespas
num venenoso desfile de automóveis.
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Publicado em 11 de Outubro de 2003