Ouço o teu murmúrio, em ária fechada, Onde o meu corpo, se pudesse, matava a sede Há na imensidão dessa tua música-estrada O canto glorioso de quem navega sem rede. Inspiração de ninfas encantadas Marcas momentos de pasmo e pavor És porta e chão para essas vidas marcadas De almejo por um deus, diz quem sabe, menor. Marinheiros, soldados e conquistadores Soltam gritos vivos e almas sós nas marés Em lágrimas e saudades d’ilícitos amores Apenas por viveres neles e seres quem és. Trágica, bela, ingénua e infernal És marca d’água para poetas e amantes, Sinal-sombra desse elemento de sal E nascem de ti sabores vivos e bailantes. Faria da tua pele meu triste destino Com sonhos ancorados em firme terra Andaria nesse teu mar, nesse caminho Que segredos, mistérios e odes encerra. És tu. V.G.