Tempestade
Ouço o teu murmúrio, em ária fechada,
Onde o meu corpo, se pudesse, matava a sede
Há na imensidão dessa tua música-estrada
O canto glorioso de quem navega sem rede.
Inspiração de ninfas encantadas
Marcas momentos de pasmo e pavor
És porta e chão para essas vidas marcadas
De almejo por um deus, diz quem sabe, menor.
Marinheiros, soldados e conquistadores
Soltam gritos vivos e almas sós nas marés
Em lágrimas e saudades d’ilícitos amores
Apenas por viveres neles e seres quem és.
Trágica, bela, ingénua e infernal
És marca d’água para poetas e amantes,
Sinal-sombra desse elemento de sal
E nascem de ti sabores vivos e bailantes.
Faria da tua pele meu triste destino
Com sonhos ancorados em firme terra
Andaria nesse teu mar, nesse caminho
Que segredos, mistérios e odes encerra.
És tu.
V.G.
Publicado em 26 de Junho de 2012