Modus vivendi

"bene senescere sine timore nec spe"

blogue de Ana Roque

Arquivo de novembro 2009


30 de Novembro de 2009

Paul Cesar Helleu

paul-cesar-helleu-artwork.jpg requebro ao fim da tarde


30 de Novembro de 2009

Passado

Remexo o passado: amasso papéis ao lixo. Desconsidero. Ocorro saber sobre o nada. Esconder em histórias a fantasia do homem em glórias. Remexo instantes e receio séculos de ignorâncias. Futuro atravessado à passagem. Interrompo o andarilho e o desconsidero como obstáculo. Recrio o passado em inversões necessárias à sobrevivência: sou o personagem e minha é a lástima. Repasso atos reproduzidos em cadáveres e me vejo olhar aquém da importância. Remexo o suficiente para me dizer perdido em amizades: ouso esquecer a cena dissolvida em homenagens. Pedro Du Bois


29 de Novembro de 2009

O outro lado V

Despedi-me de ti há pouco tempo, mas continuo a ver-te, ignorando por que me agrada ainda a sensação de ter morrido mais um pouco. A vida vai arrastar-me ao longo de outras vidas entre o maelström dos bares onde irei afogar esta ansiedade exausta – não é grave, eu sei que não é grave e que entre nós há-de restar p'lo menos a sombra de um anjo que nos segrede uma palavra mágica e saiba prolongá-la em tudo o que algum dia - talvez daqui por meses, anos, séculos – ainda formos capazes desentir. Fernando Pinto do Amaral


29 de Novembro de 2009

Paul Cesar Helleu

paul-cesar-helleu-artwork-large.jpg fim de tarde


29 de Novembro de 2009

Clássico

Deixarás de temer quando deixares de ter esperança. Séneca


29 de Novembro de 2009

O outro lado IV

Não hei-de conseguir: por mais que tente, por mais que me desprenda ou desaprenda os ritos e os ritmos do corpo ou da alma, hei-de lembrar-me dos teus olhos vagos e hei-de supor que estavam procurando dizer-me qualquer coisa. Apenas o silêncio poderia falar como eles nessa plena doçura de existir na maior paz do mundo. E contudo, p'ra mim cada palavra se conjuga sempre com outras palavras, e assim por diante até ao infinito, até formarem por exemplo um poema como este - inútil quer p'ra mim, quer p'ra ti ou p'ra qualquer leitor que nele ainda pretendesse encontrar alguns vestígios dessa tão pobre e má sabedoria à qual, já só por hábito literário, gostamos de chamar o coração. Fernando Pinto do Amaral


28 de Novembro de 2009

Albert Lynch

albert_lynch_portrait_of_an_elegant_lady.jpg elegância (quase) intemporal


28 de Novembro de 2009

O outro lado III

Aquilo que vislumbro a esta hora são rápidos reflexos de uma silhueta que só podes ser tu entre o céu e o mar, nessa noite de lua cheia, quando abandonámos um restaurante junto ao Guincho. Eu queria ficar também assim, unir-me devagar à linha do horizonte, sem saber distinguir as fronteiras de coisa nenhuma. Fernando Pinto do Amaral


28 de Novembro de 2009

Herbert Schmalz

Herbert_Schmalz.JPG quase no inverno...


27 de Novembro de 2009

O outro lado II

Não há nada a fazer, no entanto: o facto é que, apesar de algum amor, eu não me chamo Pedro, mas sou ainda demasiado humano para me libertar. Ainda não despertei, ainda não tenho trinta e cinco anos como Siddharta no momento em que terá visto o vazio, escutado o inaudível. Fernando Pinto do Amaral


27 de Novembro de 2009

Albert Lynch

Albert_Lynch1.JPG porque a primavera há-de voltar...


27 de Novembro de 2009

O outro lado I

Não consigo dormir. Há poucas horas despedi-me de ti - «every time we say goodbye I die a little». Devo habituar-me às fases dessa lua a que obedeces, às estranhas marés de cada instante que tu sabes viver como se fosse o único, o melhor da tua vida isente de remorsos e de apegos, tão próxima de tudo. A minha dor vai-se apagando à medida que um anjo desce ao meu quarto e começa a torná-lo fugaz imitação de um paraíso em que até o meu nome se alterasse. Fernando Pinto do Amaral


27 de Novembro de 2009

Paul Cesar Helleu

Paul_Cesar_Helleu.JPG onda em tons de vermelho


27 de Novembro de 2009

Poetry And Religion

Religions are poems. They concert our daylight and dreaming mind, our emotions, instinct, breath and native gesture into the only whole thinking: poetry. Nothing's said till it's dreamed out in words and nothing's true that figures in words only. A poem, compared with an arrayed religion, may be like a soldier's one short marriage night to die and live by. But that is a small religion. Full religion is the large poem in loving repetition; like any poem, it must be inexhaustible and complete with turns where we ask Now why did the poet do that? You can't pray a lie, said Huckleberry Finn; you can't poe one either. It is the same mirror: mobile, glancing, we call it poetry, fixed centrally, we call it a religion, and God is the poetry caught in any religion, caught, not imprisoned. Caught as in a mirror that he attracted, being in the world as poetry is in the poem, a law against its closure. There'll always be religion around while there is poetry or a lack of it. Both are given, and intermittent, as the action of those birds - crested pigeon, rosella parrot - who fly with wings shut, then beating, and again shut. Les Murray


26 de Novembro de 2009

Adolphe Etienne Piot

Etienne_Adolphe_Piot__2.jpg um momento, uma pausa, uma expressão


26 de Novembro de 2009

a day or two

Baffled for just a day or two— Embarrassed—not afraid— Encounter in my garden An unexpected Maid. She beckons, and the woods start— She nods, and all begin— Surely, such a country I was never in! Emily Dickinson


25 de Novembro de 2009

The Naming Of Cats

The Naming of Cats is a difficult matter, It isn't just one of your holiday games; You may think at first I'm as mad as a hatter When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES. First of all, there's the name that the family use daily, Such as Peter, Augustus, Alonzo or James, Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey-- All of them sensible everyday names. There are fancier names if you think they sound sweeter, Some for the gentlemen, some for the dames: Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter-- But all of them sensible everyday names. But I tell you, a cat needs a name that's particular, A name that's peculiar, and more dignified, Else how can he keep up his tail perpendicular, Or spread out his whiskers, or cherish his pride? Of names of this kind, I can give you a quorum, Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat, Such as Bombalurina, or else Jellylorum- Names that never belong to more than one cat. But above and beyond there's still one name left over, And that is the name that you never will guess; The name that no human research can discover-- But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess. When you notice a cat in profound meditation, The reason, I tell you, is always the same: His mind is engaged in a rapt contemplation Of the thought, of the thought, of the thought of his name: His ineffable effable Effanineffable Deep and inscrutable singular Name. T.S. Eliot


25 de Novembro de 2009

Charles Lidderdale

Charles_Lidderdale1.JPG um certo orgulho


25 de Novembro de 2009

Tua mão

Com uma das mãos sobre o meu corpo vais dormir em paz não consigo dormir, por isso o peso leve da mão aos poucos passa a ser de chumbo a noite é longa permaneces no mesmo lugar essa mão só pode ser afeto talvez tenha outro significado secreto Não ouso afastá-la nem acordar-te de repente quando me acostumo e me afeiçooa ela em sonho tu a recolhes, súbito e ignora tudo Han Dong, trad. Régis Bonvicino e Yao Feng


24 de Novembro de 2009

Henry Tanworth Wells

Henry_Tanworth_Wells.JPG todo um perfil, à beira da noite


24 de Novembro de 2009

Yes, the Fish Music

A trout-colored wind blows through my eyes, through my fingers, and I remember how the trout used to hide from the dinosaurs when they came to drink at the river. The trout hid in subways, castles, and automobiles. They waited patiently for the dinosaurs to go away. Richard Brautigan


23 de Novembro de 2009

Albert Lynch

albert_lynch.jpg do olhar perdido


23 de Novembro de 2009

Vento de Outono

(gentileza de Amélia Pais) Vento de Outono, vento solitário, Vento de noite, Força obscura que se desprende Do infinito e volta ao infinito, Rodopia dentro de mim, conjura Contra meu coração tua força, Arranca de uma vez a casca Do fruto que não madura. Joan Vinyoli, trad. João Cabral de Mello Neto


22 de Novembro de 2009

Me, change! Me, alter!

Me, change! Me, alter! Then I will, when on the Everlasting Hill A Smaller Purple grows— At sunset, or a lesser glow Flickers upon Cordillera— At Day's superior close! Emily Dickinson


22 de Novembro de 2009

Albert Lynch

Lynch_Albert_A_Young_Beauty_With_Fl.jpg jovem beldade oitocentista


21 de Novembro de 2009

Sobre o Gesto

Além do gesto, senhora, a importância decide a vida. Estrangula o choro, refaz o sentido. Senhora, o choro retrai a angústia em restante medo. Fosse o sono a dedilhar a corda imensurável da música de fundo, senhora. O choro é o carrilhão desabalado do relógio ao findar da corda. Pedro Du Bois


20 de Novembro de 2009

Elisabeth Vigée-Lebrun

BONE_Henry_Lady_Hamilton_As_A_Bacch.jpg Lady Hamilton, a de prodigiosa beleza...


20 de Novembro de 2009

Retornos circulares

São mágicos os dias de regresso nos pássaros nas vestes na cartola o riso presente e o susto no final do número o curto prazo em que se revelam as paisagens e os minutos quedam no silêncio com que escutam as histórias a bolha desfeita no espaço ante o olhar do menino que cresce pródigo em retornos circulares. Pedro Du Bois


19 de Novembro de 2009

Franz Xavier Winterhalter

491px-P_CharlotteFranz%20Xaver%20Winterhalter.jpg da inocência no olhar


19 de Novembro de 2009

O Menino e o Arco

O menino tem um arco. É de plástico. (Mas é de ouro ou de ferro ou de prata - quem o sabe?) E com ele o menino colhe flores e estrelas e algas da funda claridade. Nunca pássaros. Esses, pousam no arco enquanto o menino dorme sob as árvores, como um guerreiro cansado. Glória de Sant'Anna


18 de Novembro de 2009

Will there really be a "Morning"?

Will there really be a "Morning"? Is there such a thing as "Day"? Could I see it from the mountains If I were as tall as they? Has it feet like Water lilies? Has it feathers like a Bird? Is it brought from famous countries Of which I have never heard? Oh some Scholar! Oh some Sailor! Oh some Wise Men from the skies! Please to tell a little Pilgrim Where the place called "Morning" lies! Emily Dickinson


18 de Novembro de 2009

Thomas Lawrence

sir%20thomas%20lawrence%20mrs%20wolf.jpg Mrs. Wolf em pose introspectiva


18 de Novembro de 2009

Simplesmente no frio...

(gentileza de Amélia Pais) Simplesmente no frio de um dia aberto andarmos depressa os dois me dá vontade de gritar Olha a gente aqui! – mas percebo que sabemos cada qual no seu próprio silêncio quanto cada qual sabe. Cid Corman


17 de Novembro de 2009

Oscar Wilde

If, with the literate, I am Impelled to try an epigram, I never seek to take the credit; We all assume that Oscar said it. Dorothy Parker


16 de Novembro de 2009

Tissot

Tissot_James_Jacques_Joseph_Type_Of.jpg porque o dia precisa de cor


16 de Novembro de 2009

A música

Arrasta-me por vezes como um mar, a música! Rumo à minha estrela, Sob o éter mais vasto ou um tecto de bruma, Eu levanto a vela; Com o peito prá frente e os pulmões inchados Como rija tela, Escalo a crista das ondas logo amontoadas Que a noite me vela; Sinto vibrar em mim as inúmeras paixões De uma nau sofrendo; O vento, a tempestade e as suas convulsões Sobre o abismo imenso Embalam-me. Outras vezes é a calma, esse espelho Do meu desespero! Baudelaire


15 de Novembro de 2009

Diálogo

250px-ReligionSymbolAbr.PNG necessário, como a compaixão


15 de Novembro de 2009

Escurecer

fecha a janela e cerra as cortinas apaga a luz e dorme (a escuridão engana os olhos abertos) Pedro Du Bois


14 de Novembro de 2009

Gustave Jean Jacquet

Jaquet_Gustave_Jean_An_Elegant_Lady.jpg um olhar sonhador


14 de Novembro de 2009

Amor

Ele me amava, mas não tinha dote, só os cabelos pretíssimos e uma beleza de príncipe de histórias encantadas. Não tem importância, falou meu pai, se é só por isto, espere. Foi-se com uma bandeira e ajuntou ouro para me comprar três vezes. Na volta me achou casada com D.Cristovão. Estimo que sejam felizes, disse. O melhor do amor é sua memória, disse meu pai. Demoraste tanto, que...disse D.Cristovão. Só eu não disse nada, nem antes, nem depois. Adélia Prado


13 de Novembro de 2009

Eugen von Blass

Blass_Eugen_Von_A_Portrait_Of_A_You.jpg um olhar do eterno feminino


13 de Novembro de 2009

Monemvassiá, pátria de Yannos Ritsos

O preço da beleza, nestas ruínas amorosamente reerguidas, é sem preço. O calcário em pedra solta e firmes angulares, a talha rasando rente e os volumes que como harmónio em volta um só concerto tangem. E a rocha em frente à pedra impõem a pequenez, enorme nessa rota que faz a baía tecer de azul fremente o belo impoluto na mais pura nota. Até os pássaros no vinhedo prestam o tributo debicando os bagos, e o majestoso pinheiro no silêncio ergue seu hino. Lazareto outrora, hoje este canto do passado ao presente faz o luto, a ele trazendo a exacta medida do dinheiro, do que vale e não vale, e do que vale a Hora. Aurélio Porto


12 de Novembro de 2009

Thomas Lawrence

LAWRENCE_Sir_Thomas_Margaret_Countess%20Blessington.jpg Margaret, Condessa de Blessington


12 de Novembro de 2009

o segredo da espuma

Só o fogo e o mar podem olhar-se sem fim. Nem sequer o céu com as suas nuvens. Só o teu rosto, só o mar e o fogo. As chamas, e as ondas, e os teus olhos. Serás de fogo e mar, olhos escuros. De onda e chama serás, negros cabelos. Conhecerás o desenlace da fogueira. E saberás o segredo da espuma. Coroada de azul como a onda. Aguda e sideral como a chama. Só o teu rosto interminavelmente. Como o fogo e o mar. Como a morte. Eduardo Carranza


11 de Novembro de 2009

Bored

All those times I was bored out of my mind. Holding the log while he sawed it. Holding the string while he measured, boards, distances between things, or pounded stakes into the ground for rows and rows of lettuces and beets, which I then (bored) weeded. Or sat in the back of the car, or sat still in boats, sat, sat, while at the prow, stern, wheel he drove, steered, paddled. It wasn't even boredom, it was looking, looking hard and up close at the small details. Myopia. The worn gunwales, the intricate twill of the seat cover. The acid crumbs of loam, the granular pink rock, its igneous veins, the sea-fans of dry moss, the blackish and then the graying bristles on the back of his neck. Sometimes he would whistle, sometimes I would. The boring rhythm of doing things over and over, carrying the wood, drying the dishes. Such minutiae. It's what the animals spend most of their time at, ferrying the sand, grain by grain, from their tunnels, shuffling the leaves in their burrows. He pointed such things out, and I would look at the whorled texture of his square finger, earth under the nail. Why do I remember it as sunnier all the time then, although it more often rained, and more birdsong? I could hardly wait to get the hell out of there to anywhere else. Perhaps though boredom is happier. It is for dogs or groundhogs. Now I wouldn't be bored. Now I would know too much. Now I would know. Margaret Atwood


11 de Novembro de 2009

Gustave Jean Jacquet

Jacquet_Gustave_Jean_A_Quick_Glance.jpg um olhar atento


11 de Novembro de 2009

Boo, Forever

Spinning like a ghost on the bottom of a top, I'm haunted by all the space that I will live without you. Richard Brautigan


10 de Novembro de 2009

George Freeman

Freeman_George_Portarit_Of_A_Lady.jpg da nostalgia


10 de Novembro de 2009

O Jardineiro Míope

(recordado por Ana Paula Pinto Lourenço) O jardineiro míope levanta-se às cinco horas e vai dar alpista às flores a seguir rega os pássaros e enquanto vai regando vai dizendo: "Que bem cantam as minhas papoulas!" Um dia a Liga das Senhoras mais Bondosas do Mundo teve um gesto malvado e ofereceu óculos ao jardineiro míope que ajustou implacavelmente as imagens perdeu toda a poesia e viu tudo de maneira tão clara que teve a ideia escura de pedir um emprego de funcionário público enquanto a presidente da Liga da Liga mais Bondosa mais bondosa do mundo subia para o céu e se sentava à mão direita de Deus Padre que lhe enfiou uma bofetada divina que todos nós ouvimos em forma de trovão. Sidónio Muralha


9 de Novembro de 2009

Escrita

Pergunto-me quanta gente nesta cidade vive em apartamentos mobilados. Altas horas da noite quando olho os outros prédios juro que vejo um rosto em cada janela que me olha também e quando volto para dentro pergunto-me quantos se sentam às suas escrivaninhas a escreverem isto mesmo. Leonard Cohen, Jorge Sousa Braga e Carlos Tê


8 de Novembro de 2009

Teniers

0293-0045_wirtshausszeneteniers.jpg quase no São Martinho


8 de Novembro de 2009

Sossego

Sentado sozinho com um copo na mão contemplo os montes distantes Nem que chegasse a amada sentiria prazer maior Mesmo que não falem nem riam gosto mais das montanhas Yun Sondo


7 de Novembro de 2009

Presença

(gentileza de Amélia Pais) Não perguntes porque vim... trazendo não-flores nos dedos, falando línguas diferentes, dizendo em risos-segredos, todos os sonhos dementes... Não perguntes porque vim... Se pudesses entender este pulsar sem medida terias chegado ao fim.... Mas estou junto a ti, irmão, que mais te importa? Não perguntes porque vim.... Alda Lara


7 de Novembro de 2009

Humano

Na sujeição a fraqueza como relógio emociona. O choro declarado repõe a sensibilidade. Simplifica. Dignifica. Democratiza. A lágrima não derramada inunda o sentido: desanda a máscara. Amoldada. A criança ressurgente diz do tempo. Sujeito objetado à história. Desfeito efeito. Dispostos versos no marco do crescimento: trajeto e obstáculo. Desacompanhada sombra em que o vulto se certifica como humana forma. Pedro Du Bois


7 de Novembro de 2009

Philip Alexius de László

Philip%20Alexius%20de%20L%C3%A1szl%C3%B3%20Elisabeth_von_Rum%C3%A4nien.jpg um olhar aristocrático


6 de Novembro de 2009

Ausência

Quando minha voz se fizer ausência, entenda o silêncio como prova da verdade. Arrume as palavras deixadas entre folhas, faça frases e desordene parágrafos. Minha voz ausente estará diante do esforço. Concentre sua hora na descoberta dos traços. Risque as letras e deixe em branco a parte inferior do silêncio. Pedro Du Bois


6 de Novembro de 2009

Philip Alexius de László

Miss%20Gwen%20Ffrangcon-Davies%2C%201933%20Philipde%20L%C3%A1zl%C3%B3.jpg Miss Gwen Frangcon-Davies em disfarce medieval


6 de Novembro de 2009

Amor & Fama & Morte

agora está sentada do outro lado da janela como uma velha a caminho do mercado; está sentada e observa-me, transpira nervosa pelos cabos eléctricos, nevoeiro, ladrar dos cães até que de repente eu bato no vidro com um jornal como se matasse uma mosca e podias ouvir o grito por toda a cidade, e depois partiu. a melhor maneira de acabar um poema como este é ficar de súbito em silêncio. Charles Bukovski


5 de Novembro de 2009

Arnold Bocklin

ArnoldBocklin-Odysseus-and-Calypso-1882.jpg de costas voltadas


5 de Novembro de 2009

Diving into the Wreck

the thing I came for: the wreck and not the story of the wreck the thing itself and not the myth the drowned face always staring toward the sun the evidence of damage worn by salt and sway into this threadbare beauty the ribs of the disaster curving their assertion among the tentative haunters. Adrienne Rich


4 de Novembro de 2009

Ono no Komachi

ono%20no%20Komachi.jpg Ono no Komachi, imaginada à distância


4 de Novembro de 2009

O Make Me A Mask

O make me a mask and a wall to shut from your spies Of the sharp, enamelled eyes and the spectacled claws Rape and rebellion in the nurseries of my face, Gag of dumbstruck tree to block from bare enemies The bayonet tongue in this undefended prayerpiece, The present mouth, and the sweetly blown trumpet of lies, Shaped in old armour and oak the countenance of a dunce To shield the glistening brain and blunt the examiners, And a tear-stained widower grief drooped from the lashes To veil belladonna and let the dry eyes perceive Others betray the lamenting lies of their losses By the curve of the nude mouth or the laugh up the sleeve. Dylan Thomas


3 de Novembro de 2009

Finalmente a paz

(gentileza de Amélia Pais) Cessou finalmente este inferno, já de há muito tempo, agora a primavera: a índole justa do sono sobe-me pelos tornozelos atinge-me a cabeça como um trovão. Finalmente a paz, as minhas ancas e a minha mente vencida, e eu repouso justa nos declives do meu destino pelos menos nesta hora que me separa da infame aurora. Alda Merini


3 de Novembro de 2009

Delacroix

delacroix.jpg um céu povoado


2 de Novembro de 2009

In The End

All that could never be said, All that could never be done, Wait for us at last Somewhere back of the sun; All the heart broke to forego Shall be ours without pain, We shall take them as lightly as girls Pluck flowers after rain. And when they are ours in the end Perhaps after all The skies will not open for us Nor heaven be there at our call. Sara Teasdale


1 de Novembro de 2009

No carreiro dos sonhos

Embora os meus pés Nunca deixem de correr para ti No carreiro dos sonhos Tais noites de amor não valem o mesmo Que olhar para ti na tua realidade Ono no Komachi


1 de Novembro de 2009

Edward Burne-Jones

EdwardBurneJones-The-Three-Graces-1885.jpg três graças do século XIX


1 de Novembro de 2009

Devagar

Vem devagar sobre a corda da minha espera ninguém saiu à rua mas há rosas assim a tarde assim a mudança em disfarce Demora-se a loucura e a camisa e o teu corpo moreno espalha-se pelas ruas Vem devagar o sol teceu a tarde para o nosso encontro o sol, caindo, insiste para que nos vejamos Ossanha