Modus vivendi

"bene senescere sine timore nec spe"

blogue de Ana Roque

Arquivo de maio 2012


31 de Maio de 2012

Val Prinsep

BathingGangesdetail_Prinsep.jpg banho no Ganges, nos idos do século XIX


31 de Maio de 2012

Que é isso partir

Que é isso partir que coisa é essa partir e quando Não há passo que apeteça nem vagar para estradas E tudo fica quieto a bem dizer nem tudo Que folhas há, e preciosas, que não se interrompem no seu movimento ao chão. Que é isso de partir podíamos ficar a noite inteira sim a noite toda ainda que incompleta discutindo tema e mote, espreitando o dia não mais ricos não mais pobres talvez até (com sorte, ou dependendo das artes) não mais cansados. Que é isso de partir quando ficamos assim tão quietos tão mudos tão surdos tão certos do tempo que passa, sem asas nos sapatos sem ar para pés descalços. Que é isso partir que é isso chegar bem podámos ficar a noite toda falando ou não partir não é marchar, alinhar o que há, picar bilhete. Partir é talvez amanhã ou depois assim o vento nos sopre o corpo como às folhas. Pois é, ou assim parece. A vida tem os seus mistérios. Rui A.


29 de Maio de 2012

Ichiro Tsuruta

ic.jpg imaginação criadora


29 de Maio de 2012

Debaixo do Tamarindo

No tempo de meu Pai, sob estes galhos, Como uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira De inexorabilíssimos trabalhos! Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos, Guarda, como uma caixa derradeira, O passado da Flora Brasileira E a paleontologia dos Carvalhos! Quando pararem todos os relógios De minha vida e a voz dos necrológios Gritar nos noticiários que eu morri, Voltando à pátria da homogeneidade, Abraçada com a própria Eternidade A minha sombra há de ficar aqui! Augusto dos Anjos


28 de Maio de 2012

Hugues Merle

Merle-Hugues-Ruth-In-The-Fields.jpg Rute nos campos


28 de Maio de 2012

A Casa do Pobre

(em memória de Amélia Pais, o último poema que enviou ao modus, em 11 de Maio) Quando era rapaz Nunca perguntei o motivo Do percurso solitário que vinha do abrigo do homem pobre. Por que ziguezagueava Como a fuga de uma fera ferida. Agora que sou adulto Sei por que os ricos se perturbam Quando resmungamos. Mzi Mahola, trad. Isaac Pereira


27 de Maio de 2012

A Ciganita

(gentileza de Violante Grilo) Quando Preciosa a pandeireta toca, e fere o doce som os ares vãos, pérolas são que espalha com suas mãos, flores são que arremessa de sua boca. A alma fica suspensa, a mente louca aos atos sobrehumanos sem ação, que por limpos, honestos e por sãos sua fama lá no céu mais alto toca. Pendentes do menor de seus cabelos mil almas leva, e ajoelhado tem Amor, que uma e outra flecha aos pés lhe deita: cega e ilumina com seus raios belos, seu trono Amor por eles se mantém, e mais grandezas de seu ser suspeita. Miguel de Cervantes, trad. José Jeronymo Rivera


26 de Maio de 2012

Ichiro Tsuruta

genji%20Ichiro%20Tsuruta.gif beleza em traços estilizados


25 de Maio de 2012

Em manhã de Abril

Como a água de uma fonte Que se desvia Em regatos mil. Parece que estamos Em manhã de Abril Em que o vento se espraia, Quase que desmaia, Súbita brisa Que em nós desliza como um afago. Bebamos a água Pura, cristalina, azul E ao céu ergamos Nossos olhos puros Ainda adomecidos E quase esquecidos Do bem que fazemos, Como o rouxinol Perdido no cântico. Ruy Cinatti


24 de Maio de 2012

Hugues Merle

hugues-merle-leaves.jpg sombras em tons diversos


24 de Maio de 2012

Acerca do viajante

Estive já em muitos lugares, em muitas estações e nem sempre precisei de sair de casa (ou de preparar bagagem) Fui como sou e assim cresci – sempre que a vida me deixou E das viagens que fiz guardo sempre na lembrança Aqueles com quem me cruzei e a quem chamo amigos Não precisam de ser muitos, serão sempre os mais importantes prédios dos meus caminhos E assim vou construindo o meu mapa - a minha agenda Pois é também nestes sinais (que atentamente fui colhendo) Que encontro alento e força para cada nova etapa para cada regresso a casa Sempre foi assim, afinal Em cada estação um ponto de partida um ponto de chegada E em cada memória uma imensa saudade - do futuro Rui A.


23 de Maio de 2012

Ichiro Tsuruta

Ichiro%20Tsuruta.jpg um certo perfil


23 de Maio de 2012

Aniversário

O modus completou nove redondos anos há mais de uma semana, e nem dei por isso. Lembrava-me sempre, uns dias antes, primeiro sobretudo da sua circunstância inicial, depois da coisa em si. Com o passar do tempo, passei a lembrar a efeméride sobretudo pela coisa para mim, para nós, para os nós que são invisíveis mas por aqui vogam, e às vezes transparecem, afloram os textos tornando-os mais ricos, descobrem nas imagens cores e contornos até aí desapercebidos. Do prazer originário retirado da escrita pessoal, por vezes enraivecida, fui passando para a calmada partilha, a serenidade do olhar, a vontade de dar a ler/ver o que a maré dos dias vai trazendo, e logo levando sem grandes delongas. Nove anos, pois. Outro tempo, outra vida, outros (bem mais fortes) afetos. Mas com a palavra por perto, sempre.


22 de Maio de 2012

Poema do regresso

(gentileza de Violante Grilo) Quando eu voltar da terra do exílio e do silêncio, não me tragam flores. Tragam-me antes todos os orvalhos, lágrimas de madrugadas que presenciam dramas. Tragam-me a fome imensa de amor e o queixume dos sexos túrgidos na noite constelada. Tragam-me a noite longa de insônia com mães chorando de braços vazios de filhos. Quando eu voltar da terra do exílio e do silêncio, Não, não me tragam flores... Tragam-me apenas, isso, sim, o último desejo dos heróis tombados ao amanhecer com uma pedra sem asas na mão e um fio de cólera a esgueirar-se dos olhos. Jofre Rocha


22 de Maio de 2012

Helen Knoop

knoophelen.jpg uma Rute sombria


21 de Maio de 2012

o dia de amanhã

Tudo na vida está em esquecer o dia que passa. Não importa que hoje seja qualquer coisa triste, um cedro, areias, raízes, ou asa de anjo caída num paul. O navio que passou além da barra já não lembra a barra. Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos portos. Hoje corre-te um rio dos olhos e dos olhos arrancas limos e morcegos. Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje o fim e que há certezas, firmes e belas, que nem os olhos vesgos podem negar. Hoje é o dia de amanhã. Fernando Namora


20 de Maio de 2012

Hugues Merle

Hugues%20Merle%2C%20Susannah%20at%20Her%20Bath%201874.jpg banho em beleza


20 de Maio de 2012

em cor de sépia

aquele que conversando pôde apenas aprender uma forma de ver esse nunca falou contigo inteligente e cínico calculou a projecção do próprio eco a conversa entrou em areia pela noite alastrou às lanternas ténues fios brancos e estreitas femininas mãos por engano a luz feriu-te um pouco acertando-te no rosto tu reclamado em cor de sépia se a memória fosse um resgate uma coisa sem fala e sem pena uma memória calorosamente guardada e esquecida coisas que podemos suportar perder porque nos foram totalmente concedidas Tatiana Faia


19 de Maio de 2012

Ichiro Tsuruta

ishirotaruta.jpg do estilo


19 de Maio de 2012

Amanhã falamos, ou depois

Quando os barcos partirem, quando os barcos partirem para o sem fim, Uns ficarão por cá, e outros certamente não – segundo muitos dizem, é sempre assim. E se bem que partam barcos por esses mares, se bem que partam velas Rios ficarão quietos de quietos, à espera, como xailes esquecidos na ombreira da porta. Inventados melros cantarão mais tarde na concha do rio, quando a saudade romper, e Desta cidade nascerão alguns assobios, apenas para quem os saiba, Ainda que até agora ninguém tenha pensado nisso muito a sério. Dona Dália, Dona Dália, quem poderá saber nesta terra Onde florescem os cucos e onde voam as rosas? Nada nos preparou sem enfeites para tal lição de vida, Ainda que pensemos saber bastante, e não só de meteorologia - imensa cultura. Dona Dália, sabe bem que quando os barcos partirem, quando os barcos partirem mesmo, Águas ficarão ainda que parta - com pequenos ramos, para descanso das libelinhas. E Lá, onde sussurram os ventos de São Tomé, é bom pensar que o sol bate forte. Imagino que se sentirá agora bem melhor, mesmo esquecido o xaile e outros adereços. Amanhã falamos, ou depois. Até lá, fica esta porta – com os melros, os cucos, e as rosas. Rui A


17 de Maio de 2012

Hubert-Denis Etcheverry

LA%20DAME%20EN%20BLEU%2C%20ETCHEVERRY%20HUBERT%20DENIS%2C.jpg um olhar sem sombra de ilusão


16 de Maio de 2012

A raiva passada a escrito

A raiva. Vou-vos contar desta raiva que sinto. Do seu sabor. A raiva passada a escrito tem mais sabor. O sabor do alecrim que não provei ou de uma túlipa andina que escapa. Da escarpa que hei-de subir e que eu sei que está lá, incrédula, quase trocista. A lamentável depreciação das coisas novas um dia e hoje velhas. A raiva. A raiva passada a escrito apresenta-se bem, com uma dignidade imparável – a placidez de um ancião bem vivido quase se lhe equipara em garbo e compostura. A raiva. Passada a escrito quase parece recato. Ou fonte. Portanto, se fores à raiva, guarda-me um bilhete. Uma chávena. Rui A.


16 de Maio de 2012

resumo

Invadiu-me uma sensação de calma, de tristeza e de fim. virgínia woolf Ao teu lado, mudo. Suponho que pousei a mão No teu ombro, não sei, Ausentes, ambos, Tu do ombro, eu da mão. Lá fora, não muito longe Do vidro, a manhã passa E é calma, tristeza, fim. nuno rocha morais


15 de Maio de 2012

arrebatar o tempo

serás feliz e jovem mais que tudo Pois se és jovem, a vida que vestires há de tornar-se tu; e se és feliz, tal qual deseja a vida assim serás. Meninas (os) precisam de meninos (as) e basta: posso amar somente aquela cujo mistério é dar espaço à carne e arrebatar o tempo à alma do homem e quanto a cogitar se deus proíbe e (em sua graça) puro amor se exclui: pois nisso irão razão, tumba fetal dita progresso, e injuízo final digo que aprendo canto com um pássaro mas não ensino a não dançar estrelas. e.e. cummings, versão de Gil Pinheiro


14 de Maio de 2012

Como uma flauta nas mãos de um piano

Bailando acima das águas e de todas as pratas Eras assim uma espécie de deus, um príncipe urbano Ramos saltaram de incontáveis dedos e Na abertura das noites despontaram várias Áfricas As pessoas finalmente calaram-se e Rostos abriram-se ao passar de tão jovem flauta Desenhos surgiram em paisagens extremas e Os homens, alguns, coraram de prazer e Simpáticas damas ficaram ainda mais simpáticas. As crianças, essas, limitaram-se a adorar. Sonhos romperam a faca dos dias Sulcos rasgaram as costas dos mundos E tudo como se nada passasse Tudo como se um segundo fosse tudo Tão grande de grande, esse ser sem tamanho Irrompendo, sem tempo, pelas mãos de um piano Rui A.


13 de Maio de 2012

Algarve

fal%C3%A9sia.jpg contraste colorido na praia da Falésia


13 de Maio de 2012

Para não desesperar

O balouçar da roupa sereníssima no bairro das traseiras recorda-me o engano que ilumina em volta o mundo. Não saltes tão de força, coração, mas também tu oscila sereníssimo no tempo que ainda tens para não desesperar Carlos Poças Falcão


12 de Maio de 2012

Raquel Forner

vanidad%20-%20raquel%20forner.jpg vanidad


12 de Maio de 2012

Gracias a la vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto. Me dio dos luceros que, cuando los abro, perfecto distingo lo negro del blanco, y en el alto cielo su fondo estrellado, y en las multitudes el hombre que yo amo. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Me ha dado el oído que, en todo su ancho, graba noche y día grillos y canarios, martillos, turbinas, ladridos, chubascos, y la voz tan tierna de mi bien amado. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Me ha dado el sonido y el abecedario, con él las palabras que pienso y declaro: madre, amigo, hermano, y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Me ha dado la marcha de mis pies cansados; con ellos anduve ciudades y charcos, playas y desiertos, montañas y llanos, y la casa tuya, tu calle y tu patio. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Me dio el corazón que agita su marco cuando miro el fruto del cerebro humano, cuando miro el bueno tan lejos del malo, cuando miro el fondo de tus ojos claros. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Me ha dado la risa y me ha dado el llanto. Así yo distingo dicha de quebranto, los dos materiales que forman mi canto y el canto de ustedes que es el mismo canto, y el canto de todos, que es mi propio canto. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Violeta Parra


11 de Maio de 2012

Aleatório

(gentileza de Amélia Pais) é aleatório o modo organizado das borboletas. ergue(m)-se contra o senso comum, contra o tempo - tal como o conhecemos -. deslizam contra os nossos olhos cegos , batem-nos na face, - fascinação - muito leves, com seu segredo contido entre cores, formas e movimento das asas. não sabemos como vão ou vêm. nós, os ignorantes. eternamente perguntamos. Silvia Chueire


11 de Maio de 2012

Raphael Soyer

Raphael%20Soyer%2C%20After%20the%20bath.jpg que o banho possa ser lustral


11 de Maio de 2012

Formas do nada

Tentar prever o que o futuro te reserva não leva a nada. Mãe de santo, mapa astral e livro de autoajuda é tudo a mesma merda. O melhor é aceitar o que de bom ou mau acontecer. O verão que agora inicia pode ser só mais um, ou pode ser o último — vá saber. Toma o teu chope, aproveita o dia, e quanto ao amanhã, o que vier é lucro. Paulo Henriques Britto


10 de Maio de 2012

Raquel Forner

raquel%20forner%201902-1988.jpg imagem clássica, retomada no século passado


10 de Maio de 2012

Dizeres Ocultos

(gentileza de Violante Grilo) Não há palavras exactas capazes de dizer o que levamos. Não existem olhares que demonstram nossos múltiplos sonhos. Existirão razões que justificam as nossas sofridas penas? Não existem sinais que vêm de muito longe. Não há argumentos que a lógica não traduz. Subsistem vontades antigas em coisas novas. Existem gestos que substituem palavras. Existem palavras que nascem mudas. Há vontades. Há gestos. Há palavras cada vez mais novas. E ainda há dizeres ocultos no silêncio absoluto das horas. Garcia Bires


10 de Maio de 2012

À flor da voz

rapariga pintando caixilhos de janelas mãos de tinta manchadas rápida ela emerge à flor da voz com o vagar do gato mas numa prudência tão ensaiada que em nada poderia persuadir outra palavra dita mergulharia entre as imagens cujas cores rápido se esquece Tatiana Faia


9 de Maio de 2012

Joanna Sierko

Joanna%20Sierko%2C%20sleep.jpg sugestão para um dia assim


9 de Maio de 2012

Em todos os naufrágios há um assim

Mal se percebe tanto desamparo o corpo é triste e desalinho Tábuas quebradas e escuras Trincheiras naufragadas Um frio lá dentro maior que um Inverno com sabor a permanente Podias ser flor e marca registada vereda rio baloiço e estrada Podias ser janela ser portada E esta mágoa sem nortada arrasa (assim contada) a impossível relva despontada As minhas mãos estão geladas e não de vento - não de tempestade. Cuidado. Rui A.


7 de Maio de 2012

Johan Moreelse

moreelse%20johan%201603-1634%2Cmarie%20madeleine%20repentante.jpg Madalena arrependida seiscentista


7 de Maio de 2012

Mentiras

As das crianças, para não serem castigadas; as dos apaixonados de uma noite quando prometem um amor eterno; as de quem tudo vende, corpo e alma, para subir o preço desses bens; as dos que inventam histórias inverosímeis em busca de atenção; as dos médicos, quando compreendem que já não é possível; as dos candidatos a eleições; as dos melhores actores, tão perfeitas que se tornam verdade; as dos padres de todas as igrejas anunciando a salvação; as mais inofensivas ou as mais perversas; as mais piedosas ou as mais cruéis; as que todos descobrem num relance; as que só se conseguem detectar num momento feroz de lucidez; as que apenas se dizem ao telefone quando falta a coragem de um olhar; as que começam por pedir desculpa e geram outras cada vez maiores até que uma só vida se transforme em duas ou três vidas paralelas; as que explodem de súbito, lavadas pelas lágrimas de uma confissão; as que perduram pela vida inteira como um crime perfeito e levamos connosco para o túmulo. Sobre elas assenta desde sempre o que chamamos mundo, o que chamamos ainda humanidade. Fernando Pinto do Amaral


5 de Maio de 2012

Todos os Poemas

Plantados como árvores no chão ao alto ergueis os vossos troncos nus e o fruto que produz a vossa mão vem do trabalho e transparece à luz Nenhum passado vale o dia-a-dia Sonho só o que vós me consentis Verdade a que de vós só irradia - Portugal não é Pátria mas país Ruy Belo


3 de Maio de 2012

Donna Norine Schuster

garden%20reflection%2C%20donna%20norine%20schuster.jpg primavera, precisa-se!


3 de Maio de 2012

Da memória

A memória, dizem que a memória é um bem Por exemplo a memória dos eucaliptos aqueles que nos ficam da infância a lembrança de um tio Zé Roque com sua carroça, Carriço e Boneca e tão boas notas de vinte escudos A memória dos jogos de carica sozinho (que as manas se entretinham com outros passos mágicos) extraordinários prémios de montanha anotados com grandes e objectivos triunfos de Firmino Bernardino esse tão grande para ti e tão grandemente esquecido ciclista de tempos tão esquecidos A lembrança de empenhados petardos, bola redonda a furar a tarde na garagem do avô testando paciências que até aconteciam A memória de melancias ao lanche, para todos ao grito da avó, quando andávamos ás rãs Memória faca memória lupa memória limpa E tanto que fica E nada é mais Rui A.


2 de Maio de 2012

Tallinn

tallinn.jpg uma cidade medieval bem a norte


2 de Maio de 2012

Dedicatória

Dedico todas estas histórias aos camponeses Que não abandonaram a terra Para encher os nossos olhos de flores na primavera Eu abandono Roma Os camponeses abandonam a terra As andorinhas abandonam a minha aldeia Os fiéis abandonam as igrejas Os moleiros abandonam os moinhos Os montanheses abandonam os montes A graça de deus abandona os homens Alguém abandona tudo. Tonino Guerra