¶ 30 de Junho de 2006
"bene senescere sine timore nec spe"
blogue de Ana Roque
Arquivo de junho 2006
¶ 30 de Junho de 2006
O quotidiano "não"
Estamos todos bem servidos de solidão. De manhã a recolhemos do saco, em lugar de pão. Pão é claro que temos (não sou exageradão) mas esta imagem do saco contendo um pequeno «não» não figura nesta prosa assim do pé para a mão, pois o saco utilizado, que pode ser o do pão, recebe modestamente a corriqueira fracção desse alimento que é tão distribuído, tão a domicílio como o leite ou o pão. Mas esse leitor aí (bem real!) já diz que não, que nunca viu no tal saco o tal «não». Ao que o poeta responde, sem maior desilusão: - Para dizer a verdade, eu também não... Mas estava confiante na sua imaginação (ou na minha...) e que sentia como eu a solidão e quanto ela é objecto da carinhosa atenção de quem hoje nos fornece o quotidiano «não», por todos os meios, desde a fingida distracção, até ao entre-parêntesis de qualquer reclusão... Alexandre O´Neill
¶ 29 de Junho de 2006
Há Dias
(para o João, desejando que a alegria o visite todos os dias e lhe abra o sorriso sempre) Há dias em que julgamos que todo o lixo do mundo nos cai em cima depois ao chegarmos à varanda avistamos as crianças correndo no molhe enquanto cantam não lhes sei o nome uma ou outra parece-me comigo quero eu dizer : com o que fui quando cheguei a ser luminosa presença da graça ou da alegria um sorriso abre-se então num verão antigo e dura dura ainda. Eugénio de Andrade
¶ 28 de Junho de 2006
Long Ago...
My heart was full of softening showers, I used to swing like this for hours, I did not care for war or death, I was glad to draw my breath. Stevie Smith
¶ 28 de Junho de 2006
Escolha
Ter mais confiança é uma questão de escolha. Maria Jesus Álava Reyes, in A inutilidade do sofrimento.
¶ 28 de Junho de 2006
Reinvenção
(gentileza de Amélia Pais) A vida só é possível reinventada. Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas... Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo... - mais nada. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço... Só - no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva. Só - na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Cecília Meireles
¶ 28 de Junho de 2006
Lot's Wife
And the just man trailed God's shining agent, over a black mountain, in his giant track, while a restless voice kept harrying his woman: "It's not too late, you can still look back at the red towers of your native Sodom, the square where once you sang, the spinning-shed, at the empty windows set in the tall house where sons and daughters blessed your marriage-bed." A single glance: a sudden dart of pain stitching her eyes before she made a sound . . . Her body flaked into transparent salt, and her swift legs rooted to the ground. Who will grieve for this woman? Does she not seem too insignificant for our concern? Yet in my heart I never will deny her, who suffered death because she chose to turn. Anna Akhmatova, trad. Max Hayward e Stanley Kunitz.
¶ 28 de Junho de 2006
Entre pedras, palavras...
Que estupidez o sangue nas calçadas! O sangue fez-se para ter dois olhos, um lépido pé, um braço agente, uma industriosa mão tocante. Que estupidez o sangue entre as palavras! O sangue fez-se para outras flores menos fáceis de dizer que estas agora derramadas. Alexandre O´Neill
¶ 27 de Junho de 2006
A Traição
quando do cavalo de tróia saiu outro cavalo de tróia e deste um outro e destoutro um quarto cavalinho de tróia tu pensaste que da barriguinha do último já nada podia sair e que tudo aquilo era como uma parábola que algum brejeiro estivesse a contar-te pois foi quando pegaste nessa espécie de gato de tróia que do cavalo maior saiu armada até aos dentes de formidável amor a guerreira a que já trazia dentro em si os quatro cavalões do vosso apocalipse Alexandre O'Neill
¶ 26 de Junho de 2006
Palavras Fundamentais
(que as palavras te animem) Faz com que a tua vida seja sino que repique ou sulco onde floresça e frutifique a árvore luminosa da ideia. Alça a tua voz sobre a voz sem nome de todos os demais, e faz com que ao lado do poeta se veja o homem. Enche o teu espírito de lume; procura as eminências do cume e, se o esteio nodoso do teu báculo encontrar algum obstáculo ao teu intento, sacode a asa do atrevimento perante o atrevimento do obstáculo. Nicolas Guillen
¶ 26 de Junho de 2006
I Am Vertical
But I would rather be horizontal. I am not a tree with my root in the soil Sucking up minerals and motherly love So that each March I may gleam into leaf, Nor am I the beauty of a garden bed Attracting my share of Ahs and spectacularly painted, Unknowing I must soon unpetal. Compared with me, a tree is immortal And a flower-head not tall, but more startling, And I want the one's longevity and the other's daring. Tonight, in the infinitesimal light of the stars, The trees and flowers have been strewing their cool odors. I walk among them, but none of them are noticing. Sometimes I think that when I am sleeping I must most perfectly resemble them-- Thoughts gone dim. It is more natural to me, lying down. Then the sky and I are in open conversation, And I shall be useful when I lie down finally: The the trees may touch me for once, and the flowers have time for me. Sylvia Plath
¶ 26 de Junho de 2006
Olhar
Imaginar, primeiro, é ver. Imaginar é conhecer, portanto agir. Alexandre O´Neill
¶ 26 de Junho de 2006
Desesperança
Perder a esperança é como perder a bússola. Maria Jesus Álava Reyes, in A inutilidade do sofrimento.
¶ 25 de Junho de 2006
O Espaço do Poeta
A escrivaninha negra com entalhes, os dois candelabros de prata, o cachimbo vermelho. Está sentado, quase invisível, na poltrona, com a janela sempre às suas costas. Por detrás dos óculos, enormes e cautos, observa o interlocutor à luz intensa, ele próprio oculto dentro de suas palavras, dentro da História, com personagens seus, distantes, invulneráveis, capturando a atenção dos outros nos delicados revérberos da safira que traz num dedo, e alerta sempre para saborear-lhes as expressões, nos momentos em que os tolos efebos umedecem os lábios com a língua, admirativamente. E ele, astuto, sôfrego, sensual, o grande inocente, entre o sim e o não, entre o desejo e o remorso, qual balança na mão de um deus, ele oscila por inteiro, enquanto a luz da janela atrás lhe põe na cabeça uma coroa de absolvição e santidade. "Se a poesia não for a remissão - murmura a sós consigo - não esperemos então misericórdia de ninguém". Yannis Ritsos (1909-1990), trad. José Paulo Paes.
¶ 25 de Junho de 2006
O Jardineiro Míope
(gentileza de Amélia Pais) O jardineiro míope levanta-se às cinco horas e vai dar alpista às flores a seguir rega os pássaros e enquanto vai regando vai dizendo: "Que bem cantam as minhas papoulas!" Um dia a Liga das Senhoras mais Bondosas do Mundo teve um gesto malvado e ofereceu óculos ao jardineiro míope que ajustou implacavelmente as imagens perdeu toda a poesia e viu tudo de maneira tão clara que teve a ideia escura de pedir um emprego de funcionário público enquanto a presidente da Liga da Liga mais Bondosa mais bondosa do mundo subia para o céu e se sentava à mão direita de Deus Padre que lhe enfiou uma bofetada divina que todos nós ouvimos em forma de trovão. Sidónio Muralha
¶ 24 de Junho de 2006
Dias de redenção
Hoje é um dos meus dias redentores. Afortunamente, tenho dois por ano - dois dias de clareza meridiana, que mostram como tudo o resto é menor, por muito que conte. São dois dias dedicados a "santos populares", na redescrição cristã das festas milenares que assinalam a pujança do solstício de verão. Hoje é dia de S. João Baptista, assim referido porque baptizava nas águas do Jordão; é uma das figuras mais respeitadas da história judaico-cristã e a sua vida é também admirada pelos muçulmanos. Envolve-o uma aura de homem bom, num sentido universal e muito mais vasto que o da santidade da Igreja Católica. Dentro em pouco, a 29, será dia de S. Pedro, chamado "príncipe dos apóstolos", figura com uma importância central na teologia católico-romana, pelo papel estruturante que teve na construção da ideologia cristã, pedra de um edifício que desenhou a civilização ocidental. Na minha iconografia pessoal, estes são dias fundadores, por duas razões "cruzadas": hoje, o dia do Pedro; a 29, o dia do João. Dias maiores.
¶ 24 de Junho de 2006
(Des)Encontro
(gentileza de Amélia Pais) Entrámos no elevador. Apenas nós os dois olhámos um para o outro e foi tudo. Duas vidas, um momento, plenitude, felicidade. Ela saiu no quinto andar e eu continuei a subir sabendo que jamais a voltaria a ver, aquele fora apenas um encontro, um só e para sempre, sabendo que se a seguisse seria um homem morto no seu caminho e que se ela se voltasse para mim seria apenas do outro mundo. Vladimir Holan (Praga, 1905-1980), trad. Miguel Gonçalves.
¶ 23 de Junho de 2006
Ways
One goes in straightforward ways, One in a circle roams: Waits for a girl of his gone days, Or for returning home. But I do go -- and woe is there -- By a way nor straight, nor broad, But into never and nowhere, Like trains -- off the railroad. Anna Akhmatova, trad. Edward Bonver.
¶ 22 de Junho de 2006
De acordo
(lido sem recordar onde) Rectificar es de sabios - o al menos de los que se saben equivocados.
¶ 22 de Junho de 2006
Lilies
I have been thinking about living like the lilies that blow in the fields. They rise and fall in the edge of the wind, and have no shelter from the tongues of the cattle, and have no closets or cupboards, and have no legs. Still I would like to be as wonderful as the old idea. But if I were a lily I think I would wait all day for the green face of the hummingbird to touch me. What I mean is, could I forget myself even in those feathery fields? When Van Gogh preached to the poor of course he wanted to save someone-- most of all himself. He wasn't a lily, and wandering through the bright fields only gave him more ideas it would take his life to solve. I think I will always be lonely in this world, where the cattle graze like a black and white river-- where the vanishing lilies melt, without protest, on their tongues-- where the hummingbird, whenever there is a fuss, just rises and floats away. Mary Oliver
¶ 22 de Junho de 2006
Ao rosto vulgar dos dias
Monstros e homens lado a lado, Não à margem, mas na própria vida. Absurdos monstros que circulam Quase honestamente. Homens atormentados, divididos, fracos. Homens fortes, unidos, temperados. * Ao rosto vulgar dos dias, A vida cada vez mais corrente, As imagens regressam já experimentadas, Quotidianas, razoáveis, surpreendentes. Alexandre O´Neill
¶ 20 de Junho de 2006
Pergunta inútil
(ou o que é o amor, em véspera de solstício) O amor não é isto, disse, sem saber já o que fazer com essa palavra perdida, tresmalhada no pó negro das horas percorridas sem o descanso da noite a separá-las. Esquecia que, para os seres imperfeitos, o amor é um animal selvagem e transformista, devorador de almas e traidor impiedoso de corpos em chamas brevíssimas. Também ela tinha desejado longamente o nome, crendo que, sem ele, jamais teria a coisa ( e que, pura ilusão, bastaria invocá-lo, proferindo o verbo impossível, para que se materializasse , mágico e eterno, o esplendor somente adivinhado). O amor de que conheciao peso e os contornos era bem outro - era o do sangue, o dos laços indissolúveis da linhagem, da casa, nunca o desenho aleatório resultante da humana incerteza de querer. Do amor como serenidade, constância, desejo e determinação pouco sabia. Haveria esse fantasiado amor compósito? Duraria mais do que o instante em que refulgia nos olhares reflexos? Quem tem a resposta no breviário dos dias, quem a solta ao vento do cansaço, quem a fecha em desespero, apertada na palma da mão em sangue?
¶ 20 de Junho de 2006
A custo
(gentileza de Amélia Pais) Vem dos montes friíssimos da Noruega onde te sonhei para beberes estrelas e caminhar a custo entre cascatas onde a ternura é um escadote e o ar um caracol de planetas nas órbitas. António Maria Lisboa(1928-1953).
¶ 18 de Junho de 2006
Do exaspero
Em geral exasperamo-nos mais contra as acusações que, apesar de serem falsas, não são completamente destituídas de fundamento. Thomas Mann, in José e os seus Irmãos, trad. Elisa Lopes Ribeiro.
¶ 18 de Junho de 2006
Verdades lapidares
Sei que a autoridade e o autoritarismo são tão diferentes como a noite e o dia. Sei que a tolerância com a pequena indisciplina convida à grande indisciplina. Sei que a dificuldade é o núcleo indispensável de qualquer aprendizagem. Pedro Mexia, in A educação, Notícias Sábado, 17/6/2006.
¶ 18 de Junho de 2006
Tarde
Esta tarde, mi bien, cuando te hablaba, como en tu rostro y tus acciones vía que con palabras no te persuadía, que el corazón me vieses deseaba; y Amor, que mis intentos ayudaba, venció lo que imposible parecía: pues entre el llanto, que el dolor vertía, el corazón deshecho destilaba. Baste ya de rigores, mi bien, baste: no te atormenten más celos tiranos, ni el vil recelo tu inquietud contraste con sombras necias, con indicios vanos, pues ya en líquido humor viste y tocaste mi corazón deshecho entre tus manos. Sor Juana Inés de la Cruz
¶ 18 de Junho de 2006
Da inquietude
O caminhante faz várias paragens, vai andando e narrando, mas só habita em tendas, aguardando novo rumo. Não tarda que ele sinta o coração bater fortemente, ora de desejo, ora também de medo e de angústia da carne. E este será o sinal de que deve prosseguir viagem, à cata de novas aventuras, aventuras que terão de ser penosamente vividas em todos os mais remotos pormenores, de acordo com a vontade insaciável do espírito. Thomas Mann, in José e os seus Irmãos, trad. Elisa Lopes Ribeiro.
¶ 17 de Junho de 2006
De facto
As trocas linguísticas entre homens e mulheres são amiúde um pacto de mal-entendidos. George Steiner, in Errata: Revisões de uma vida, trad. Margarida Vale de Gato, ed. Relógio D'Água.
¶ 17 de Junho de 2006
Aquele Que Passa
(gentileza de Amélia Pais) O desconhecido que passa e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo, Talvez porque na sombra da noite tão doce de Maio Ainda resplendem teus olhos, ainda tem vinte anos a ligeira figura deslizante, Não sabe que foste amada, por aquele que amaste amada, em plena e soberba delícia de amor, E em ti não há membro nem ponta de carne ou átomo de alma que não tenha uma marca de amor. Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava, E nem que quisesses podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu. Ele, ignaro, em ti já não bela, em ti já não jovem, saúda a graça do deus: Respira, passando, em ti já não bela, em ti já não jovem, o aroma precioso do deus: Só porque o levas contigo, doce relíquia à sombra de um sacrário. Ada Negri (1870-1945), in Poesia do Século XX, trad. de Jorge de Sena.
¶ 16 de Junho de 2006
A noite passada
Estávamos cheios de força a noite passada por esta hora, as borboletas voavam e os daiquiris gelados descaíam, Lise estava deitada de costas no chão, séria e sublime, ouvindo Schubert, a minha cabeça explodia com uma rima: foi uma bela noite, uma noite para agradar, beijei-a na cozinha - êxtases - e ocultámos o crime sob um manto de ternura. O tempo está a mudar. Estava frio esta manhã enquanto me dirigia para o parque, sem expectativas, centenas de velhos sonetos no meu bolso para lhe ler caso ela viesse. Mas os pinheiros entretanto encheram-se de sol e a minha senhora não veio em jeans azuis e camisola. Sentei-me e escrevi. John Berryman (1914-1972), tradução de Miguel Gonçalves.
¶ 16 de Junho de 2006
Instante
Deixai-me limpo O ar dos quartos E liso O branco das paredes Deixai-me com as coisas Fundadas no silêncio Sophia de Mello Breyner Andresen
¶ 16 de Junho de 2006
The Low Sky
No vulture is here, hardly a hawk, Could long wings or great eyes fly Under this low-lidded soft sky? On the wide heather the curlew's whistle Dies of its echo, it has no room Under the lid of this tomb. But one to whom mind and imagination Sometimes used to seem burdensome Is glad to lie down awhile in the tomb. Among stones and quietness The mind dissolves without a sound, The flesh drops into the ground. Robinson Jeffers
¶ 15 de Junho de 2006
Floresta esplêndida
(gentileza de Amélia Pais) Para que uma floresta seja esplêndida Necessita de anos e infinito. Não me deixeis tão depressa, amigos Da merenda sob o granizo. Abetos que dormis nas nossas camas, Perpetuai na erva os nossos passos. René Char (1907-1988), tradução de António Ramos Rosa.
¶ 15 de Junho de 2006
In A Dark Time
In a dark time, the eye begins to see, I meet my shadow in the deepening shade; I hear my echo in the echoing wood-- A lord of nature weeping to a tree, I live between the heron and the wren, Beasts of the hill and serpents of the den. What's madness but nobility of soul At odds with circumstance? The day's on fire! I know the purity of pure despair, My shadow pinned against a sweating wall, That place among the rocks--is it a cave, Or winding path? The edge is what I have. A steady storm of correspondences! A night flowing with birds, a ragged moon, And in broad day the midnight come again! A man goes far to find out what he is-- Death of the self in a long, tearless night, All natural shapes blazing unnatural light. Dark,dark my light, and darker my desire. My soul, like some heat-maddened summer fly, Keeps buzzing at the sill. Which I is I? A fallen man, I climb out of my fear. The mind enters itself, and God the mind, And one is One, free in the tearing wind. Theodore Roethke
¶ 14 de Junho de 2006
Writing
often it is the only thing between you and impossibility. no drink, no woman's love, no wealth can match it. nothing can save you except writing. it keeps the walls from failing. the hordes from closing in. it blasts the darkness. writing is the ultimate psychiatrist, the kindliest god of all the gods. writing stalks death. it knows no quit. and writing laughs at itself, at pain. it is the last expectation, the last explanation. that's what it is. Charles Bukowski
¶ 14 de Junho de 2006
Rain
Suddenly this defeat. This rain. The blues gone gray And the browns gone gray And yellow A terrible amber. In the cold streets Your warm body. In whatever room Your warm body. Among all the people Your absence The people who are always Not you. I have been easy with trees Too long. Too familiar with mountains. Joy has been a habit. Now Suddenly This rain. Jack Gilbert
¶ 14 de Junho de 2006
A Kiss
One wave falling forward meets another wave falling forward. Well-water, hand-hauled, mineral, cool, could be a kiss, or pastures fiery green after rain, before the grazers. The kiss -- like a shoal of fish whipped one way, another way, like the fever dreams of a million monkeys -- the kiss carry me -- closer than your carotid artery -- to you. Thomas Lux
¶ 13 de Junho de 2006
You And Me
I'm part of people I have known And they are part of me; The seeds of thought that I have sown In other minds I see. There's something of me in the throne And in the gallows tree. There's something of me in each one With whom I work and play, For islanded there can be none In this dynamic day; And meshed with me perchance may be A leper in Cathay. There's me in you and you in me, For deeply in us delves Such common thought that never we Can call ourselves ourselves. In coils of universal fate No man is isolate. For you and I are History, The all that ever was; And woven in the tapestry Of everlasting laws, Persist will we in Time to be, Forever you and me. Robert Service
¶ 13 de Junho de 2006
Poema curto
(para "a mulher mais bela", no seu aniversário) Nesta luz quase louca que se prende aos telhados às árvores aos cabelos das mulheres aos olhos mais sombrios falamos de ti do teu alto exemplo e é com intimidade que o fazemos falamos de ti como se fosses a árvore mais luminosa ou a mulher mais bela mais humana que passasse por nós com os olhos da vertigem arrastando toda a luz consigo Alexandre O´Neill
¶ 12 de Junho de 2006
Realização
I have loved hours at sea, gray cities, The fragile secret of a flower, Music, the making of a poem That gave me heaven for an hour; First stars above a snowy hill, Voices of people kindly and wise, And the great look of love, long hidden, Found at last in meeting eyes. I have loved much and been loved deeply -- Oh when my spirit's fire burns low, Leave me the darkness and the stillness, I shall be tired and glad to go. Sara Teasdale
¶ 11 de Junho de 2006
A passagem das horas
Sentir tudo de todas as maneiras, Ter todas as opiniões, Ser sincero contradizendo-se a cada minuto, Desagradar a si-próprio pela plena liberalidade de espírito, E amar as coisas como Deus. Eu, que sou mais irmão de uma árvore que de um operário, Eu, que sinto mais a dor suposta do mar ao bater na praia Que a dor real das crianças em quem batem (Ah, como isto deve ser falso, pobres crianças em quem batem - E porque é que as minhas sensações se revezam tão depressa?) Eu, enfim, que sou um diálogo contínuo Um falar-alto incompreensível, alta-noite na torre, Quando os sinos oscilam vagamente sem que mão lhes toque E faz pena saber que há vida que viver amanhã. Eu, enfim, literalmente eu, E eu metaforicamente também, Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso Às leis irrepreensíveis da Vida, Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada, O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim, Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo... Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma, Sem personalidade com valor declarado, Eu, o investigador solene das coisas fúteis, Era capaz de ir viver na Sibéria só por embirrar com isso E que acho que não faz mal não ligar importância à pátria Porque não tenho raiz, como uma árvore, e portanto não tenho raiz... Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora, Como uma frase escrita por um doente no livro da rapariga que encontrou no terraço, Ou uma partida de xadrez no convés dum transatlântico, Eu, a ama que empurra os perambulators em todos os jardins públicos, Eu, o polícia que a olha, parado para trás na álea, Eu, a criança no carro, que acena à sua inconsciência lúcida com um colar com guizos, Eu, a paisagem por detrás disto tudo, a paz citadina Coada através das árvores do jardim público, Eu, o que os espera a todos em casa, Eu, o que eles encontram na rua Eu, o que eles não sabem de si-próprios, Eu, aquela coisa em que estás pensando e te marca esse sorriso, Eu, o contraditório, o fictício, o aranzel, a espuma, O cartaz posto agora, as ancas da francesa, o olhar do padre, O lugar onde se encontram as duas ruas e os chauffeurs dormem contra os carros, A cicatriz do sargento mal-encarado, O sebo na gola do explicador doente que volta para casa, A chávena que era por onde o pequenito que morreu bebia sempre, E tem uma falha na asa (e tudo isto cabe num coração de mãe e enche-o)... Eu, o ditado de francês da pequenita que mexe nas ligas, Eu, os pés que se tocam por baixo do bridge sob o lustre, Eu, a carta escondida, o calor do lenço, a sacada com a janela entreaberta, O portão de serviço onde a criada fala com os desejos do primo, O sacana do José que prometeu vir e não veio E a gente tinha uma partida para lhe fazer... Eu, tudo isto, e além disto o resto do mundo... Tanta coisa, as portas que se abrem, e a razão porque elas se abrem, E as coisas que já fizeram as mãos que abrem as portas... Eu, a infelicidade-nata de todas as expressões, A impossibilidade de exprimir todos os sentimentos, Sem que haja uma lápide no cemitério para o irmão de tudo isto, E o que parece não querer dizer nada sempre quer dizer qualquer coisa... Sim, eu, o engenheiro naval que sou supersticioso como uma camponesa madrinha, E uso o monóculo para não parecer igual à ideia real que faço de mim, Que levo às vezes três horas a vestir-me e nem por isso acho isso natural, Mas acho-o metafísico e se me batem à porta zango-me, Não tanto por me interromperem a gravata como por ficar sabendo que há a vida... Sim, enfim, eu o destinatário das cartas lacradas, O baú das iniciais gastas, A intonação das vozes que nunca ouviremos mais - Deus guarda isso tudo no Mistério, e às vezes sentimo-lo E a vida pesa de repente e faz muito frio mais perto que o corpo. A Brígida prima da minha tia, O general em que elas falavam - general quando elas eram pequenas, E a vida era guerra civil a todas as esquinas... Vive le mélodrame où Margot a pleuré! Caem folhas secas no chão irregularmente, Mas o facto é que sempre é outono no outono, E o inverno vem depois fatalmente, E há só um caminho para a vida, que é a vida... Esse velho insigniflcante, mas que ainda conheceu os românticos Esse opúsculo político do tempo das revoluções constitucionais, E a dor que tudo isso deixa, sem que se saiba a razão Nem haja para chorar tudo mais razão que senti-lo. Todos os amantes beijaram-se na minha alma, Todos os vadios dormiram um momento em cima de mim Todos os desprezados encostaram-se um momento ao meu ombro, Atravessaram a rua, ao meu braço todos os velhos e os doentes, E houve um segredo que me disseram todos os assassinos. (Aquela cujo sorriso sugere a paz que eu não tenho, Em cujo baixar-de-olhos há uma paisagem da Holanda, Com as cabeças femininas coiffées de lin E todo o esforço quotidiano de um povo pacífico e limpo... Aquela que é o anel deixado em cima da cómoda, E a fita entalada com o fechar da gaveta, Fita cor-de-rosa, não gosto da cor mas da fita entalada, Assim como não gosto da vida, mas gosto de senti-la... Dormir como um cão corrido no caminho, ao sol, Definitivamente para todo o resto do Universo, E que os carros me passem por cima) Fui para a cama com todos os sentimentos, Fui souteneur de todas as emoções, Pagaram-me bebidas todos os acasos das sensações, Troquei olhares com todos os motivos de agir, Estive mão em mão com todos os impulsos para partir, Febre imensa das horas! Angústia da forja das emoções! Raiva, espuma, a imensidão que não cabe no meu lenço, A cadela a uivar de noite, O tanque da quinta a passear à roda da minha insónia O bosque como foi à tarde, quando lá passeamos, a rosa, A madeixa indiferente, o musgo, os pinheiros, Toda a raiva de não conter isto tudo, de não deter isto tudo, Ó fome abstracta das coisas, cio impotente dos momentos, Orgia intelectual de sentir a vida! Obter tudo por suficiência divina - As vésperas, os consentimentos, os avisos, As coisas belas da vida - O talento, a virtude, a impunidade, A tendência para acompanhar os outros a casa, A situação de passageiro, A conveniência em embarcar lá para ter lugar, E falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, uma frase, E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa. Poder rir, rir, rir despejadamente, Rir como um copo entornado, Absolutamente doido só por sentir, Absolutamente roto por me roçar contra as coisas, Ferido na boca por morder coisas, Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas, E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida. Álvaro de Campos
¶ 11 de Junho de 2006
Cut While Shaving
It's never quite right, he said, the way people look, the way the music sounds, the way the words are written. It's never quite right, he said, all the things we are taught, all the loves we chase, all the deaths we die, all the lives we live, they are never quite right, they are hardly close to right, these lives we live one after the other, piled there as history, the waste of the species, the crushing of the light and the way, it's not quite right, it's hardly right at all he said. don't I know it? I answered. I walked away from the mirror. it was morning, it was afternoon, it was night nothing changed it was locked in place. something flashed, something broke, something remained. I walked down the stairway and into it. Charles Bukowski
¶ 10 de Junho de 2006
Vlaminck
Velas a espreitar do rio no ponto em que se deixa espraiar no mar. O verde do olhar mais brilhante do que as águas, tarde fora.
¶ 10 de Junho de 2006
Receita
Recipe For Happinessat Khaborovsk Or Anyplace Lawrence Ferlinghetti One grand boulevard with trees with one grand cafe in sun with strong black coffee in very small cups. One not necessarily very beautiful man or woman who loves you. One fine day. Lawrence Ferlinghetti
¶ 9 de Junho de 2006
Do poema
"A poem, as a manifestation of language and thus essentially dialogue, can be a message in a bottle, sent out in the - not always greatly hopeful - belief that somewhere and sometime it could end up on land, on heartland perhaps. Poems in this sense, too, are under way: they are making toward something." Paul Célan
¶ 9 de Junho de 2006
Irreversibilidade
Os erros são cada vez mais insuportáveis à medida que se tornam irreparáveis. George Steiner, in Errata: Revisões de uma vida, trad. Margarida Vale de Gato, ed. Relógio D'Água.
¶ 9 de Junho de 2006
A cor da rosa
(parao meu Pai, que não lê blogs) Alvejava de neve outrora a rosa, Nem como agora, doce recendia; Baixo voava Amor sem tento um dia, E na rama espinhosa De sua flor virgínea se feria. Do sangue divina! gota amorosa Da ligeira ferida lhe corria, E as flores da roseira onde caía Tomavam do encarnado a cor lustrosa. Agora formosa A rúbida flor Recorda de Amor A chaga ditosa. Para os braços da mãe voou chorando; Um beijo lhe acalmou penas e ardores: E tão doce o remédio achou das dores, Que Amor só desejou de quando em quando Que assim penando, Com seus clamores Novos favores Fosse alcançando. Súbito voa, pelos ares fende; As rosas viu de sua dor trajadas, E que só de suas glórias namoradas Nada dissessem com razão se ofende: A mão lhe estende, E delicioso Cheiro amoroso Nelas recende. Vós que as rosas gentis buscais, amantes, Nos jardins do prazer, E, em vez da flor, espinhos penetrantes Só chegais acolher, Resignados sofrei, sede constantes, Que a desventura, Que a mágoa e dor Sempre em doçura Converte Amor. Almeida Garrett
¶ 8 de Junho de 2006
Vers De Société
My wife and I have asked a crowd of craps To come and waste their time and ours: perhaps You'd care to join us? In a pig's arse, friend. Day comes to an end. The gas fire breathes, the trees are darkly swayed. And so Dear Warlock-Williams: I'm afraid-- Funny how hard it is to be alone. I could spend half my evenings, if I wanted, Holding a glass of washing sherry, canted Over to catch the drivel of some bitch Who's read nothing but Which; Just think of all the spare time that has flown Straight into nothingness by being filled With forks and faces, rather than repaid Under a lamp, hearing the noise of wind, And looking out to see the moon thinned To an air-sharpened blade. A life, and yet how sternly it's instilled All solitude is selfish. No one now Believes the hermit with his gown and dish Talking to God (who's gone too); the big wish Is to have people nice to you, which means Doing it back somehow. Virtue is social. Are, then, these routines Playing at goodness, like going to church? Something that bores us, something we don't do well (Asking that ass about his fool research) But try to feel, because, however crudely, It shows us what should be? Too subtle, that. Too decent, too. Oh hell, Only the young can be alone freely. The time is shorter now for company, And sitting by a lamp more often brings Not peace, but other things. Beyond the light stand failure and remorse Whispering Dear Warlock-Williams: Why, of course-- Philip Larkin
¶ 8 de Junho de 2006
A rapariga riu
Um pouco de chuva, princípio da noite, e nos cafés o ruído da palavra, na rua, entre o espaço vazio e colorido das árvores, talvez o silêncio se assemelhe já à morte. Para toda a parte circulam os automóveis, motores trabalham para o encontro. Talvez entre estar e ir a respiração se altere, o sobressalto é secreto. Em toda a parte a solidão dos quartos, dos corredores, mas uma vez a rapariga sorriu, tomou cor a sua face. Ó meu amor. Agitam-se as folhas das árvores quando um vento mais forte sopra, e o meu espírito, inquieto, estremece de novo. João Camilo
¶ 7 de Junho de 2006
De passagem (II)
Pode ser que o Judeu na Diáspora sobreviva para ser um hóspede - que ainda hoje continua a ser rejeitado em tantas portas fechadas. É bem possível que o nosso chamamento seja o da intrusão, sugerindo aos outros homens e mulheres em geral que todos os seres humanos têm de aprender a viver como hóspedes na vida uns dos outros. Não há nenhuma sociedade, região, cidade ou aldeia que não possa ser melhorada. Do mesmo modo, não há nenhuma que não possamos deixar quando nela se instala a injustiça ou a barbárie. A moralidade deve ter sempre as malas feitas. George Steiner, in Errata: Revisões de uma vida, trad. Margarida Vale de Gato, ed. Relógio D'Água.
¶ 7 de Junho de 2006
Telepatia(s)
The Telephone 'When I was just as far as I could walk From here today, There was an hour All still When leaning with my head again a flower I heard you talk. Don't say I didn't, for I heard you say-- You spoke from that flower on the window sill- Do you remember what it was you said?' 'First tell me what it was you thought you heard.' 'Having found the flower and driven a bee away, I leaned on my head And holding by the stalk, I listened and I thought I caught the word-- What was it? Did you call me by my name? Or did you say-- Someone said "Come" -- I heard it as I bowed.' 'I may have thought as much, but not aloud.' "Well, so I came.' Robert Frost
¶ 6 de Junho de 2006
Second Fig
Safe upon the solid rock the ugly houses stand: Come and see my shining palace built upon the sand! Edna St. Vincent Millay
¶ 6 de Junho de 2006
Not From This Anger
(recordando uma frase: «Don't be preposterous!...») Not from this anger, anticlimax after Refusal struck her loin and the lame flower Bent like a beast to lap the singular floods In a land strapped by hunger Shall she receive a bellyful of weeds And bear those tendril hands I touch across The agonized, two seas. Behind my head a square of sky sags over The circular smile tossed from lover to lover And the golden ball spins out of the skies; Not from this anger after Refusal struck like a bell under water Shall her smile breed that mouth, behind the mirror, That burns along my eyes. Dylan Thomas
¶ 6 de Junho de 2006
De passagem
Todos nós somos hóspedes da vida. Não há nenhum ser humano que saiba o significado da sua criação, excepto ao nível mais primitivo e biológico. George Steiner, in Errata: Revisões de uma vida, trad. Margarida Vale de Gato, ed. Relógio D'Água.
¶ 6 de Junho de 2006
Love Is Not Enough
The more that we take The paler we get I can't remember what it is We try to forget The tile on the floor So cold it can sting In your eyes is a place Worth remembering For you to go and take this, to smash it apart I've gone all this fucking way To wind up back at Back at the start [Chorus:] Hey, the closer we think we are Well it only got us so far Now you got anything left to show No no I didn't think so Hey, the sooner we realize We cover ourselves with lies But underneath we're not so tough And love is not enough Well it hides in the dark Like the withering vein We didn't give it a mouth So it cannot complain It never really had a chance We'd never really make it through I never think I'd believed I believed I could get better with you NINE INCH NAILS LYRICS
¶ 5 de Junho de 2006
Picasso
Gostava de te dar, não estes músicos, mas a alegria da música; não estas cores, mas a alegria da luz; não uma imagem, mas palavras que não ferissem nunca. Gostava, mesmo não sabendo como. Mas, mais do que inspiração na arte, queria das musas o talento para te adoçar a vida. Parabéns!
¶ 4 de Junho de 2006
In The Desert
In the desert I saw a creature, naked, bestial, Who, squatting upon the ground, Held his heart in his hands, And ate of it. I said: "Is it good, friend?" "It is bitter—bitter," he answered; "But I like it Because it is bitter, And because it is my heart." Stephen Crane
¶ 3 de Junho de 2006
How Heavy The Days
How heavy the days are. There's not a fire that can warm me, Not a sun to laugh with me, Everything bare, Everything cold and merciless, And even the beloved, clear Stars look desolately down, Since I learned in my heart that Love can die. Hermann Hesse, trad. James Wright.
¶ 3 de Junho de 2006
I wish...
If thou could'st empty all thyself of self, Like to a shell dishabited, Then might He find thee on the ocean shelf, And say, "This is not dead," And fill thee with Himself instead. But thou are all replete with very thou And hast such shrewd activity, That when He comes He says, "This is enow Unto itself - 'twere better let it be, It is so small and full, there is no room for me." Sir Thomas Browne
¶ 3 de Junho de 2006
Divisa (em dobro)
Constância, constância e determinação. Amin Maalouf, in Origens, ed. DIFEL.
¶ 2 de Junho de 2006
It's Raining In Love
I don't know what it is, but I distrust myself when I start to like a girl a lot. It makes me nervous. I don't say the right things or perhaps I start to examine, evaluate, compute what I am saying. If I say, "Do you think it's going to rain?" and she says, "I don't know," I start thinking : Does she really like me? In other words I get a little creepy. A friend of mine once said, "It's twenty times better to be friends with someone than it is to be in love with them." I think he's right and besides, it's raining somewhere, programming flowers and keeping snails happy. That's all taken care of. BUT if a girl likes me a lot and starts getting real nervous and suddenly begins asking me funny questions and looks sad if I give the wrong answers and she says things like, "Do you think it's going to rain?" and I say, "It beats me," and she says, "Oh," and looks a little sad at the clear blue California sky, I think : Thank God, it's you, baby, this time instead of me. Richard Brautigan
¶ 1 de Junho de 2006
Da verdade inequívoca
"(...) mais vale uma boa dose de realidade, cruel que seja, do que a ilusão (...)".
¶ 1 de Junho de 2006
A Borboleta
(gentileza de Amélia Pais) Contente mesmo contente estive na vida muitas vezes mas nunca como na Alemanha quando me libertaram e me pus a olhar uma borboleta sem vontade de a comer. Tonino Guerra
¶ 1 de Junho de 2006
Humanidade(s)
Conduzi os meus assuntos emocionais, intelectuais e profissionais sobre a desconfiança da teoria. Só sou capaz de conferir significado ao conceito de teoria nas ciências exactas e, até certo ponto, nas aplicadas. Trata-se de construtos teóricos que exigem experiências cruciais para a sua confirmação ou infirmação. Se refutados, serão postos de parte. (...) As humanidades não são susceptíveis de demonstração nem de verificação (excepto a um nível material, documental). As nossas respostas ao seu estudo são narrrativas de intuição. George Steiner, in Errata: Revisões de uma vida, trad. Margarida Vale de Gato, ed. Relógio D'Água.
¶ 1 de Junho de 2006
The Death Of Autumn
When reeds are dead and a straw to thatch the marshes, And feathered pampas-grass rides into the wind Like aged warriors westward, tragic, thinned Of half their tribe, and over the flattened rushes, Stripped of its secret, open, stark and bleak, Blackens afar the half-forgotten creek,— Then leans on me the weight of the year, and crushes My heart. I know that Beauty must ail and die, And will be born again,—but ah, to see Beauty stiffened, staring up at the sky! Oh, Autumn! Autumn!—What is the Spring to me? Edna St. Vincent Millay